Início da Idade Média


A idade média é um período histórico europeu com duração de cerca de mil anos. Esse período começa entre o fim da Antiguidade (ano de 476, com a queda do Império Romano do Ocidente) e a Idade Moderna ( até 1453, quando a cidade de Constantinopla foi conquistada pelos turco-otomanos) equivalente entre os século V d.C. ao século XV d.C., onde trouxe transformações na cultura e política, e este período está dividido em duas fases:

  1. Alta Idade Média: compreendido entre os séculos V a X.
  2. Baixa Idade Média: estende-se entre os séculos XI a XV.
Por muito tempo, a Idade Média também foi conhecida como "Idade das Trevas", pois havia a ideia de que esse período tinha sido marcado por doenças, pobreza, intolerância religiosa e poucos avanços artísticos, técnicos e científicos.

O Império Romano do Ocidente enfrentou a pressão militar de diversos povos, como germanos, hunos, celtas e eslavos. Entre os séculos II e V, os germanos entraram no território do Império por meio de migrações pacíficas e invasões violentas. Isso contribuiu para desestruturar o Império Romano e, ao mesmo tempo, promoveu trocas culturais entre romanos e germanos.

Em um dos ataques a Roma, o imperador Rômulo Augusto foi deposto por Odoacro, rei de um dos povos germanos. De acordo com uma periodização tradicional, o fim do Império Romano do Ocidente marca o início da Idade Média.


O estudo da Idade Média é muito importante para nós, pois a herança europeia tem um papel significativo na formação da sociedade brasileira. Vários aspectos culturais atuais, principalmente na sociedade ocidental, formaram-se graças a essa época medieval, como é o caso das diversas línguas existentes, entre elas o português, o castelhano e o francês. Além disso, ao longo dos mil anos surgiram várias das atuais nações europeias, e foi no final desse período que o sistema econômico capitalista começou a se configurar.

  • Surgimento do feudalismo
As estruturas socioeconômicas romanas entraram em decadência devido à sua própria expansão imperial, pois uma vez que a economia escravista necessitava de contínuas importações de mão de obra servil para funcionar, e para que a produção dos latifúndios se mantivesse estável, as fontes de trabalho escravo deveriam ser inesgotáveis.

Como a principal fonte de trabalho escravo era a guerra de conquista, o Império precisaria estar em contínua expansão para abastecer os latifúndios. No entanto, no século III d.C., ele chegou a seus limites máximos. Com a escassez cada vez maior de mão de obra escrava, os latifúndios puseram-se a pensar em maneiras de garantir a reprodução da mão de obra e o aumento da produtividade, em face do menor número de trabalhadores. Assim, passaram a distribuir lotes de terras aos escravos, onde estes deveriam se assentar e constituir família, responsabilizando-se por uma produção da qual apenas pequena parcela ficaria para sua manutenção, revertendo o restante em benefício do senhor. Estava iniciado assim o regime de colonato.

Também as invasões germânicas às fronteiras do Império, a partir do século V, contribuíram para a decadência política romana e para a consolidação do status dependente do camponês, na medida em que a destruição das cidades e das propriedades agrícolas levava cada vez mais agricultores livres a se estabelecerem sob a “proteção” de um senhor. Assim, surgiu um dos aspectos principais da relação feudal, a servidão, por meio da qual o camponês se torna dependente e preso às terras de um senhor por obrigações jurídicas.

O Feudalismo se caracterizou, assim, por ser uma rede de relações de dependência jurídica, da servidão à vassalagem, que se entrelaçavam com a estrutura econômica fundiária. Baseado em uma sociedade de ordens ou estamental, isto é, composta de camadas sociais rígidas (como mostra na foto abaixo):


  • Sistemas de feudos
Na Alta Idade Média foram formadas grandes propriedades agrícolas na Europa ocidental, isoladas umas das outras e conhecidas como feudos. Não havia um forte poder central que as governasse, e o comércio entre elas era quase inexistente.

Os servos que viviam e trabalhavam na propriedade do senhor rural produziam praticamente tudo o que era necessário para os moradores do feudo. O isolamento e a autonomia dos feudos fizeram com que muitas cidades, nesse período, perdessem importância. Essa forma de organização ficou conhecida como sistema feudal.

As pessoas que viviam nos feudos desenvolviam a maioria das suas atividades internamente. O feudo constituía, assim, a unidade básica de produção durante a Idade Média. Ele era formado por três partes:
  • Manso Servil: terras onde os camponeses construíam suas moradias e onde cultivavam sua própria produção agrícola.
  • Terras Comunais: terras de uso comum, que podiam ser exploradas por todos os moradores do feudo para a aquisição de madeira e para a caça, por exemplo.
  • Manso senhorial: terras de propriedade particular dos senhores feudais, onde os camponeses trabalhavam semanalmente para pagarem alguns tributos.
  • Relação de Suserania e Vassalagem
Durante a Idade Média europeia, as relações de poder entre o rei, os senhores feudais e seus servos constituíam laços individuais de proteção e de obrigação mútuas. Na ordem feudal, os que ofereciam proteção geralmente possuíam um exército; eram chamados Suseranos ou Senhores. O principal suserano de um reino era o próprio rei, abaixo dele estavam os grandes senhores (duques, condes), depois os senhores com feudos menores, e por último, os cavaleiros.

Já os Vassalos, eram aqueles que juravam lealdade, oferecendo serviços militares aos senhores, entre outras tarefas. Dentro de seu feudo, o vassalo passava a ser também um suserano, distribuindo proteção e posses a outros indivíduos que, por sua vez, transformavam-se em seus vassalos. Criava-se, assim, uma extensa rede de obrigações e de lealdade entre Senhores, buscando garantir unidade e poder ao grupo social.


Esse acordo estabelecido entre as partes chamava-se contrato vassálico e raramente era feito por escrito. Em geral, ele era confirmado em uma cerimônia em que o futuro vassalo prestava homenagem ao suserano e depois fazia o juramento de fidelidade. O suserano, por sua vez, fazia a investidura, ou seja, entregava ao vassalo um punhado de terra ou algum objeto para simbolizar a concessão do feudo.
  • Principais tributos (impostos)
Os principais tributos pagos pelos servos eram:

Talha: correspondia, em geral, a mais da metade da produção das terras de uso dos servos;
→ Corveia: era pago com trabalho obrigatório nas terras do senhor pelo menos dois ou três dias por semana;
→ Banalidades: pagamento em produtos pelo uso de instrumentos de trabalho e das dependências comuns do feudo, como moinhos, fornos, celeiros e pontes.

  • Referências
BLOCH, Marc. A sociedade feudal. Trad. Emanuel Lourenço Godinho. São Paulo: Edições 70

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Capítulo 12 - Formação da Europa feudal IN: Historiar 6º ano. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018

FRANCO JÚNIOR, Hilário. A idade média: nascimento do ocidente. 2ª ed. revisada e ampliada. São Paulo: Brasiliense, 2001.

LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. Trad. Jaime A. Clasen Petrópolis: Editora Vozes, 2007

SILVA, Kalina Vanderlei. Verbete - Feudalismo IN: Dicionário de conceitos históricos. 2ª ed., 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2009

TRILHAS Sistema de ensino: ensino fundamental II 6º ano [módulo 4]. Capítulo 12 - O mundo medieval. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2018

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Capítulo 12 - A Europa e a formação do feudalismo IN: Teláris História 6º ano. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2018.


Comentários