A localização das populações que formaram o Reino de Kush ou Cuxe viviam na região da Núbia (atual Sudão), extremos sul do rio Nilo desde de cerca de 2500 a.C. Os núbios apresentavam a pele bem escura (daí a palavra Sudão, que em árabe significa "Terra de Negros"). Vejamos o mapa a seguir para nos situamos onde ficava essa região:
Localizada em território estratégico no continente africano, a Núbia situa-se entre a região dos Grandes Lagos, a Bacia do Congo e o Vale do Nilo, na região Nordeste do continente, e constituiu-se, sobretudo, como um importante elo entre a África Central e o mundo mediterrânico. Nos dias atuais, essa sociedade abrangeria o atual Sudão, parte da Etiópia e o Egito. Nos primórdios, a chamada grande Núbia (de território mais amplo) encontrava-se nas regiões “arenosas do vale do Nilo”, abarcando a primeira catarata do rio Nilo e se estendendo até a sexta catarata.
Os povos da região da Núbia se desenvolveram entre as atuais cidades de Assuã, no Egito, e Cartum, no Sudão (observe o mapa seguinte). Assim como o Egito Antigo, a região da Núbia acompanhava o curso do rio Nilo e as zonas de oásis. O território era rico em recursos naturais, como ouro, cobre, ferro e pedras semipreciosas. Os egípcios chamavam essa região de Cuxe.
Em termos culturais, a Núbia era uma região predominantemente habitada por negros, tanto no passado quanto no presente. Os textos egípcios antigos descreviam a população núbia como de peles mais escuras. Alguns povos do mediterrâneo, a exemplo dos romanos e gregos, referenciavam-se aos núbios como “etíopes”, palavra que significava “possuidores de rostos queimados”
No decorrer dos séculos, a região transformou-se no centro de uma florescente rede de comércio que interligava, por rotas fluviais e terrestres, o mar Vermelho, o Egito e o oeste do atual Sudão. Inclusive, duas cidades de extrema importância para esse reino: Napata e Meroé, apesar de interligar o comércio fluvial e terrestre, sua economia se baseava na pecuária e agricultura.
- Meroé, Kerma e Napata
O Reino de Kush fornecia diversos produtos, comercializando minerais, peles de animais, marfim, ébano (um tipo de madeira), gado e cavalos. Tais bens e grande parte do ouro das ricas jazidas kushitas foram comercializados com os egípcios. Caravanas lotadas de mercadorias atravessavam a cidade de Napata em direção ao Egito e vice-versa.
Meroé, outra cidade de Kush, tornou-se um centro urbano com grandes edificações de alvenaria, como palácios e pirâmides, passando a ser capital do reino depois do século VII a.C. A atividade comercial em Meroé com o Egito foi ainda mais intensa que em Napata. As caravanas se reorganizaram em novas rotas terrestres e marítimas, com portos espalhados pelo mar Vermelho, permitindo aos kushitas o contato com gregos, indianos e outros asiáticos, que navegavam por essa região.
A cidade de Kerma foi o centro dessa sociedade entre, aproximadamente, 2400 a.C. e 1570 a.C. Construída em terras irrigadas e férteis, graças aos canais do rio Nilo, a cidade era protegida por muralhas com até 10 metros de altura e mais de 1 quilômetro de comprimento. Lá viviam reis e altos funcionários ligados à família real, cuja riqueza provinha do comércio e da exploração de minas de ouro. Segundo pesquisadores, por volta de 2200 a.C., quando uma grande seca devastou o Egito e a Mesopotâmia, Kerma atingiu o seu esplendor
Havia também intercâmbio cultural entre Kush e o Egito. Alguns kushitas faziam parte do exército egípcio e exerciam funções administrativas junto ao faraó. No século VIII a.C., o Reino de Kush aproveitou-se das crises do Novo Império Egípcio e conquistou a cidade egípcia de Tebas. Foi o início do governo kushita, ou dos faraós negros. Eles constituíram a XXV dinastia no Egito.
- A XXV dinastia, o que foi?
- O poder das rainhas-mães kushitas
- Decadência do reino
- Referências
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