A última fase monárquica do Brasil ocorreu entre 1840 a 1889, e foi um momento no qual o nosso território passou por muitas transformações. As cidades como Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Belém e São Paulo foram modernizadas com a instalação de iluminação e transportes públicos.
- Panorama político
O segundo reinado durou quase 50 anos e o novo imperador, Dom Pedro II tornou-se símbolo de um Estado centralizado e estável. A coroação do mesmo representou, segundo alguns historiadores, uma vitória das elites do país, que, em torno do imperador, pretendiam organizar uma administração capaz de conter as rebeliões provinciais e construir a unidade nacional do país. A festa da coroação encenava um recomeço do império.
Apesar das pretensões de unidade, as disputas políticas entre dois partidos de destaque marcaram o Segundo Reinado:
Alguns liberais estiveram envolvidos em revoltas ocorridas durante a Regência. Ao assumir o trono, dom Pedro II convocou eleições para que novos deputados fossem eleitos e escolheu políticos do Partido Liberal para compor o primeiro ministério de seu reinado, como forma de recompensar os políticos desse partido, favoráveis à antecipação de sua maioridade.
As eleições foram marcadas por um clima de tensão e disputa entre liberais e conservadores. Homens contratados pelos liberais invadiram os locais de votação, agredindo eleitores e ameaçando de morte seus adversários. Não por acaso, essas eleições ficaram conhecidas como eleições do cacete.
Os políticos do Partido Conservador acusaram os liberais de vencer a disputa por meio de fraude e exigiram a anulação das eleições. Os liberais, por sua vez, queriam manter o resultado, que lhes era favorável. Diante do conflito, o imperador dissolveu a Câmara e convocou novas eleições.
A decisão de dom Pedro II não agradou os liberais paulistas e mineiros. Liderados por Diogo Antônio Feijó, em São Paulo, e Teófilo Ottoni (1807-1869), em Minas Gerais, o grupo promoveu a Revolta Liberal, em 1842. Para contê-la, o governo imperial mandou tropas que dominaram a situação.
Em 1847, durante o Império, o Brasil adotou o parlamentarismo. Nesse sistema de governo, o imperador nomeava um presidente do Conselho de Ministros, que escolhia os membros do ministério responsável pelo governo. Dessa forma, haviam quatro formas de poder: Moderador (específico do próprio Imperador), Executivo, Legislativo e Judiciário.
Se o ministério fosse aprovado pela Câmara dos Deputados, ele começava a governar. Caso contrário, o imperador poderia demitir os ministros ou dissolver a Câmara. Se a Câmara fosse dissolvida, novas eleições seriam convocadas. Dessa forma, dom Pedro II exercia o Poder Moderador e podia impor o ministério que julgasse conveniente.
- Algumas revoltas
→ Revolução Praieira: ocorrida em Pernambuco e envolveu grupos de comerciantes, novos proprietários de engenho, lavradores, intelectuais, advogados, etc.
Criou-se um “terceiro partido”, o dos liberais radicais, que fundaram o Partido Nacional de Pernambuco, com tendência republicana. Eles organizaram um jornal de oposição, o Diário Novo, impresso em uma tipografia localizada na rua da Praia, no Recife. Por esse motivo, o nome dado a essa revolução foi “Praieira”.
Os adversários do “partido da Praia” foram denominados “guabirus” – como escreviam na época “gabiru”: uma espécie de rato. Os praieiros os consideravam ladrões dos cofres governamentais. O Partido Nacional de Pernambuco elegeu ampla maioria na Assembleia Provincial de 1844, dominando a política por três anos. Mas as reações começaram.
- Rua da Cruz, gravura de Emil Bausch, 1852. Quatro anos antes da confecção desta gravura, a capital do Recife havia sido tomada pelos revoltosos praieiros, insatisfeitos com a política imperial. Instituto Ricardo Brennand, Recife, Pernambuco.
→ Guerra do Paraguai: em agosto de 1864, tropas brasileiras invadiram o Uruguai – independente desde 1828 – e derrubaram o presidente uruguaio Atanásio Aguirre, do Partido Blanco, acusado de ter posto em prática medidas antibrasileiras. Seu opositor, Venâncio Flores, do Partido Colorado, tornou-se presidente.
Interpretando a invasão do Uruguai como uma ameaça aos interesses de seu país, em novembro de 1864 o presidente do Paraguai, Solano López, aliado de Aguirre, apreendeu um navio mercante brasileiro no rio Paraná e, em dezembro, ordenou a invasão da província do Mato Grosso. Em seguida, declarou guerra à Argentina, já que o governo do país não permitira que o Exército paraguaio cruzasse o território argentino em direção ao Rio Grande do Sul e ao Uruguai. Em maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai (já presidido por Flores) firmaram o Tratado da Tríplice Aliança, um acordo político, econômico e militar contra o Paraguai.
Inclusive o Brasil não possuía contingente para uma guerra desse porte e por isso, em janeiro de 1865, assinou um decreto criando o corpo de Voluntários da Pátria. Neste poderiam alistar-se espontaneamente homens entre 18 e 50 anos. Para aumentar ainda mais o número de combatentes, o governo oferecia em troca do alistamento uma quantia em dinheiro e um pedaço de terra aos homens livres, assim como a alforria aos escravizados.
- Fim do tráfico negreiro e sua consequente abolição
Em 1831, pela primeira vez, o comércio de escravizados através do Atlântico para o Brasil foi proibido por lei. No entanto, essa lei foi ignorada pelos traficantes escravistas e milhares de africanos continuaram sendo trazidos ilegalmente como escravos. Apenas em 1850, entrou em vigor a Lei Eusébio de Queirós, que proibiu efetivamente o tráfico de escravizados para o Brasil.
O dinheiro que era investido no tráfico de escravizados passou a ser usado em outros setores da economia. Financiou, por exemplo, a vinda de imigrantes, a instalação de indústrias e a construção das primeiras ferrovias no Brasil. A partir da Lei Eusébio de Queirós, aumentou o tráfico interno de escravizados. Os senhores das províncias do Sul e do Nordeste venderam milhares de cativos para os fazendeiros do Centro-Sul, onde as plantações de café precisavam de mão de obra. Assim, o preço dos escravizados praticamente duplicou.
A partir de 1850, entretanto, quando o governo imperial aboliu definitivamente o tráfico negreiro, os produtores tiveram de recorrer aos escravos que já estavam no Brasil. Os mais ricos, como vimos, passaram a comprar dos pequenos e médios produtores e de outras províncias, o que encareceu muito o valor dessa mão de obra. Em resumo, escravos e terras virgens, os dois principais itens necessários para manter uma fazenda, estavam em falta.
Em meio às pressões internas e externas, na segunda metade do século XIX, o governo e os parlamentares brasileiros criaram leis que libertaram parte dos escravizados.
→ Lei do Ventre Livre (1871): libertava os filhos de mulheres escravizadas nascidos no Brasil, mas os obrigava a ficar com os donos de suas mães até os 8 anos. Depois dessa idade, os senhores poderiam escolher entre libertar as crianças e receber uma indenização do governo ou continuar usando o trabalho delas até que completassem 21 anos. Essa segunda alternativa foi o que ocorreu na maioria das vezes.
Essas leis permitiram aos senhores escravistas ganhar tempo e adiar a abolição definitiva. Elas não resolveram o problema da escravidão, mas transformaram a justiça em um campo de luta pela liberdade.
Em 13 de maio de 1888 a escravidão foi extinta no Brasil, com a promulgação da chamada Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel. Ela exercia a regência do Império enquanto dom Pedro II, seu pai, viajava pela Europa. Mais de 700 mil escravizados foram libertados com a Lei Áurea.
- Desenvolvimento industrial
→ os investimentos feitos pelos produtores de café;
→ a tarifa Alves Branco (1844) que aumentava o preço dos produtos importados, levando os consumidores a procurar mercadorias nacionais.
→ a tarifa Alves Branco (1844) que aumentava o preço dos produtos importados, levando os consumidores a procurar mercadorias nacionais.
Na década de 1880, o país contava com 600 indústrias, concentradas no Sudeste, onde trabalhavam quase 55 mil operários nos setores têxtil, alimentício, metalúrgico, de móveis e de vestuário. No entanto, as atividades econômicas mais importantes no país ainda eram aquelas ligadas à agricultura de exportação.
Em áreas como a Amazônia e o Nordeste e em províncias como Mato Grosso e Goiás, a agricultura, o extrativismo vegetal e a criação de gado eram as principais atividades econômicas.
No ano em que o comércio internacional de escravizados foi extinto (1850), também foi aprovada a Lei de Terras. Com essa lei, ficou estabelecido que, para se adquirir uma propriedade, era preciso comprá-la do Estado ou de um particular. Esse ato jurídico gerava uma escritura de compra que deveria ser assinada nos Cartórios de Registro de Imóveis.
- Referências
AZEVEDO, Gislane [et al.] Capítulo 15 - O fim da escravidão e do Império IN: História - passado e presente vol. 2. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2016. págs.: 250 - 261
COTRIM, Gilberto [et al.] Capítulo 11 - Segundo Reinado IN: Historiar 8º ano. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. págs.: 172 - 178.
COTRIM, Gilberto [et al.] Capítulo 12 - Da Monarquia à República IN: Historiar 8º ano. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. págs.: 180 - 192
VAINFAS, Ronaldo [et al.]. Capítulo 7 - Rebeliões no Brasil Regencial IN: História.doc 8º ano. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. págs.: 130 - 133
VAINFAS, Ronaldo [et al.]. Capítulo 10 - Crise da escravidão e da monarquia no Brasil IN: História.doc 8º ano. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. págs.: 174 - 188
Comentários
Postar um comentário