As Grandes Navegações



As Grandes Navegações ou Viagens Ultramarinas é o nome dado ao período da história em que os europeus se lançaram à navegação do Oceano Atlântico. Esse processo foi encabeçado pelos portugueses e, um tempo depois, foi também colocado em curso pelos espanhóis e por outros países da Europa. Os resultados foram a “descoberta” de inúmeros locais até então desconhecidos pelos europeus e a chegada ao continente americano em 1492.

O resultado das Grandes Navegações foi o “descobrimento” de uma série de novos locais pelos portugueses, como Açores e Madeira (ilhas atlânticas). Esse processo resultou também na chegada dos europeus ao continente americano em 1492. Em 1500, os portugueses chegaram ao Brasil e deram início à colonização da América Portuguesa.

  • CONTEXTO HISTÓRICO

As grandes navegações ocorreram na Europa entre os anos de 1401 a 1600. Nessa época, cresceram as atividades comerciais naquele continente e, com elas, as cidades. Mercadorias que não existiam na Europa eram compradas em outros lugares, principalmente em uma região do continente asiático que os europeus chamavam de Índias.

Os produtos do Oriente eram levados por mercadores árabes, em camelos e cavalos, até a cidade de Constantinopla. Daí eram levados por mar pelos mercadores europeus, principalmente para as cidades de Gênova e Veneza. A partir dessas cidades, eram revendidos para outras regiões do continente europeu.

O trajeto das mercadorias trazidas do Oriente para a Europa era longo e passava por regiões controladas por vários povos. Para atravessar essas terras, os mercadores tinham de pagar impostos. Com isso, as mercadorias chegavam muito caras ao seu destino. Um dos principais pontos de encontro entre os mercadores europeus e os árabes era a cidade de Constantinopla. Por sua localização, essa cidade era muito disputada e controlada. Com isso, os europeus desejavam abrir novos caminhos entre a Europa e o Oriente. Os portugueses foram os primeiros a procurar um caminho marítimo para o Oriente.

  • TECNOLOGIAS QUE AUXILIARAM NAS VIAGENS ULTRAMARINAS

Desenvolveram instrumentos para facilitar as navegações, aperfeiçoaram as caravelas, estudaram o clima e as estrelas, e elaboraram mapas. Entre as tecnologias desenvolvidas nesse período temos:

- Caravelas: uma embarcação mais rápida que as que já existiam, movimentava-se com o vento e era muito mais rápida.

- Bússola: inventada pelos chineses muito tempo antes, permitia uma orientação mais segura e podia ser usada pelos navegantes em alto-mar.

- Papel: inventado pelos chineses e o aperfeiçoamento da impressão de papel, feito por Gutenberg, permitiram que os novos conhecimentos geográficos, científicos e de navegação fossem divulgados por todo o mundo, o que contribuiu também para as conquistas das navegações.

- Astrolábio: é um instrumento de medição que foi inventado pelos árabes e aperfeiçoado pelos gregos. Inicialmente era utilizado em terra, mas foi adotado pelos marinheiros a fim de calcular as distâncias das rotas marítimas.

- Quadrante: é na sua forma mais rudimentar, e tal como o nome indica, um instrumento que consiste num quarto de círculo graduado ao qual está fixo um fio de prumo. a sua função é a medição da altura, que é a distância angular de um objeto em relação ao horizonte.

  • NAVEGAÇÕES PORTUGUESAS

Quando falamos de Grandes Navegações, o primeiro país que vem à tona é Portugal, que se lançou como pioneiro na navegação e exploração do Oceano Atlântico interessado, principalmente, na abertura de novas rotas comerciais. O pioneirismo de Portugal explica-se por uma série de fatores:

- Monarquia consolidada;

- Unificação territorial assegurada;

- Investimento na aquisição de conhecimento náutico;

- Interesse em expansão comercial;

- Investimentos genoveses;

  • Localização geográfica.

Portugal era um reino unificado e estável durante o século XV. Essa estabilidade, foi fruto da Revolução de Avis, que garantiu melhores condições políticas a Portugal para investir em comércio e tecnologia náutica. Nesse mesmo período, Espanha, Inglaterra e França, por exemplo, enfrentavam complicações internas e ainda estavam à procura de estabilidade política. Além disso, existem historiadores que apontam que, no século XV, foi desenvolvido por infante D. Henrique um centro em Algarve que promovia estudos para o desenvolvimento de melhores técnicas de navegação: a Escola de Sagres. Todavia, existem alguns historiadores que sugerem que a Escola de Sagres é um mito e que, portanto, sua influência nas Grandes Navegações é irrelevante.

Na questão comercial, Portugal já possuía certa vocação para o comércio, fruto do período em que os mouros dominaram o país. Essa vocação para o comércio acabou sendo incentivada pelos comerciantes genoveses, que passaram a investir em Lisboa, transformando a cidade em um importante centro comercial.

Há também a questão geográfica, que garantia às caravelas em Portugal um rápido acesso às correntes marítimas. Além disso, Portugal estava mais próximo da costa da África e era, portanto, uma porta de saída para encontrar uma nova rota para a Índia, local que havia o comércio de especiarias, produto muito valorizado no mercado europeu.

  • NAVEGAÇÕES ESPANHOLAS

Ao longo de quase todo o século XV, os espanhóis presenciaram o desenvolvimento náutico dos portugueses e acompanharam os seus inúmeros feitos. A Espanha, no entanto, permaneceu alheia às Grandes Navegações até o final do século XV. Isso aconteceu porque, ao longo do século XV, os espanhóis tentavam consolidar-se territorialmente.

Somente com a conquista de Granada (região no sul do território espanhol) pela Espanha, em 1492, que os espanhóis deram abertura para o investimento em navegações marítimas. A primeira expedição montada pelos espanhóis foi exatamente a organizada por Cristóvão Colombo, um navegante genovês. Ele organizou uma expedição com três navios para alcançar a Ásia. A expedição de Colombo, no entanto, foi responsável pela chegada dos espanhóis à América em 12 de outubro de 1492.

  • TRATADO DE TORDESILHAS

Como já navegavam pelo oceano Atlântico bem antes dos espanhóis, os portugueses acreditavam que as terras a que Colombo chegara pertenciam a eles. Então, para resolver essa questão e evitar uma guerra entre as duas nações, foi assinado um acordo, que recebeu o nome de Tratado de Tordesilhas.

O documento foi assinado em 1494 e estabelecia um meridiano que passava a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. As terras que ficassem a leste desse meridiano pertenceriam a Portugal e as que ficassem a oeste, à Espanha. Observe no mapa que, após a assinatura do tratado, uma grande porção da América do Sul foi considerada pelas duas nações como domínio da Espanha.



  • FONTES:

As Grandes Navegações. Escola Kids. Disponível em: https://escolakids.uol.com.br/historia/grandes-navegacoes.htm acessado em 14 julho 2020

MARSICO, Maria Teresa [et al.] Cap. 4 - A busca de novos caminhos IN: Coleção Marcha Criança História e Geografia 5º ano. 14ª ed. São Paulo: Scipione, 2019. págs. 38-43

SIMIELLI, Maria Elena e CHARLIER, Anna Maria. Suplemento - O mundo fica maior [digital]. Projeto Ápis História 5º ano. 3º ed. São Paulo: Ática, 2017. Págs.: 10-21

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