Os Estados Unidos no século XIX


 


A história estadunidense começou a modificar após à independência dos EUA iniciada com o processo de revolução americana. Nas décadas seguintes à independência norte-americana, ocorrida em 1776, os colonos avançaram sobre territórios vizinhos, tomando-os pela força das armas ou comprando-os das metrópoles europeias. Em menos de um século, transformaram-se numa potência continental, ocupando uma região que ia do oceano Atlântico ao Pacífico.

  • Conquista do Oeste
No começo do século XIX, o vale do Mississippi aparecia como a linha extrema do povoamento, a Fronteira. A partir desse momento, os americanos são atraídos pelas imensas regiões situadas entre o Mississippi e o Pacífico. De modo geral, a maioria dos territórios que hoje em dia fazem parte dos Estados Unidos foram comprados por meio de acordos, ou ganhados por meio de guerras civis.

A entrada do Texas na União (1845), a partilha do Oregon com a Grã-Bretanha (1846) e o Tratado de Guadalupe Hidalgo com a Espanha (1848) introduziram um novo oeste no domínio americano.


A grande expansão territorial americana começou em 1803, quando Bonaparte vende aos EUA o território da Luisiana. Com a colonização das áreas antes pertencidas aos índios, foram se criando outros estados.

Os colonizadores ingleses acabaram dizimando boa parte dos índios nativos americanos. Estima-se que, no início do século XVII, a região hoje correspondente aos territórios dos Estados Unidos e do Canadá fosse ocupada por cerca de 10 milhões de indígenas. Nos primeiros anos do século XXI, esse número não chegava a 3 milhões.
  • Doutrina do Destino Manifesto
Os governantes dos Estados Unidos incentivaram a vinda de colonos para ocupar produtivamente as terras ao sul e ao oeste. Dessa forma, um intenso fluxo migratório vindo principalmente da Europa multiplicou rapidamente a população estadunidense: de 2,4 milhões em 1775, ela chegou a mais de 7 milhões em 1820, saltando para perto de 90 milhões em 1890.

Outro estímulo para a ocupação dos territórios a oeste foi a descoberta de ouro na Califórnia, atraindo um imenso fluxo de população. Os pioneiros, além dos diversos incentivos governamentais, também contaram com a expansão das ferrovias, cuja rede saltou de 14 mil quilômetros em 1865 para 140 mil quilômetros em 1914.

A expansão territorial, o crescimento demográfico e o rápido desenvolvimento econômico dos Estados Unidos foram interpretados pelos estadunidenses como a prova de um destino glorioso, traçado por Deus. Essa crença, ainda muito presente naquela sociedade contemporânea, é conhecida como Doutrina do Destino Manifesto, que nada mais é que uma crença de que os americanos eram o povo escolhido por Deus para dominar outros povos, além disso, os povos dos EUA foram eleitos por Deus para comandar o mundo.
  • Guerra Civil ou Guerra da Secessão (1831 - 1865)
A colonização dos Estados Unidos não se deu de maneira uniforme: enquanto o Norte desenvolvia uma economia baseada na manufatura e no comércio, a parte sul tinha uma economia agroexportadora e escravista. Após a independência, para proteger a produção industrial, os empresários do Norte pressionavam o governo para impor taxas elevadas aos gêneros importados. Isso, porém, prejudicava os fazendeiros dos estados sulistas, que eram obrigados a pagar mais pelos produtos manufaturados.

No norte, ao decorrer do século XIX, desenvolveu-se à indústria e apoiavam o protecionismo alfandegário, isto é, o aumento de taxas de importação. Ao sul dos EUA predominava a atividade agrícola, sobretudo o cultivo de algodão e fumo, baseada no latifúndio e na mão-de-obra escrava. Devido a essas divergências políticas entre os estados, acabou gerando uma guerra civil que ficou conhecida como Guerra de Secessão (ou seja, uma guerra de divisão territorial).

O estopim para que isso ocorresse foram as eleições presidenciais de 1860, onde foi eleito Abraham Lincoln que era o representante dos nortistas, o primeiro estado sulista a se desmembrar foi a Carolina do Sul que se juntou a mais dez estados sulistas formando os Estados Confederados da América. Os outros formaram os Estados da União, como mostra o mapa a seguir:


Em 1861, os unionistas declararam guerra aos confederados, iniciando um conflito violento que deixou um rastro de 620 mil mortes. Ao final do confronto, os Confederados vencem os Unionistas, e um das medidas solicitadas pelo os nortistas foi sancionado levando a ocorrer a abolição dos negros (1863) e em 14 de abril de 1865, Lincoln, que havia sido reeleito presidente, foi assassinado. Esse evento desencadeou conflitos envolvendo questões raciais ao longo do território, nas décadas seguintes.
  • Reconstrução Radical (1865 - 1877)
Após o término da Guerra de Secessão, durante um curto período que ficou conhecido como reconstrução radical, grupos contrários à segregação racial procuraram construir uma nação mais democrática, com projetos de integração dos negros à sociedade estadunidense, por meio da educação, da distribuição de terra e da ampliação do direito ao voto.

Em reação a essas medidas, sociedades secretas violentas e racistas como os Cavaleiros da Camélia Branca e a Ku Klux Klan, passaram a atacar e atemorizar os libertos e quem apoiasse a equiparação civil entre brancos e negros.

Em alternativa a essa violência desenfreada, o então candidato presidencial Rutherford Hayes se comprometeu a retirar as tropas federais e a não intervir nas questões dos estados sulistas, para garantir que sua polêmica vitória eleitoral fosse reconhecida pelo Partido Democrata (representante dos interesses do sul). Conhecido como Acordo de Hayes, esse compromisso pôs fim aos direitos civis conquistados pelos negros em 1865.

Acordos de Hayes: compromisso firmado por Rutherford Hayes, que pôs fim aos direitos civis conquistados pelos negros em 1865.

Além disso, se proliferam no sul os Black-Codes (Códigos negros) - que impediam os ex-escravizados de exercer cargos públicos, de votar e de frequentar os mesmos espaços públicos que os brancos. Somente nas décadas de 1950 e 1960, com a luta pelos direitos civis, a segregação racial foi oficialmente abolida na sociedade estadunidense.
  • Imperialismo estadunidense na América Latina
As principais intervenções estadunidenses na América Latina deram-se a partir de 1823, quando os Estados Unidos se opuseram à Santa Aliança por meio da Doutrina Monroe, sintetizada na frase “A América para os americanos”.


Nos anos posteriores, o presidente Theodore Roosevelt (1901-1909) aprovou um documento (o chamado Corolário Roosevelt) no qual se dispunha a intervir em países caso achasse que seus interesses estivessem ameaçados. Essa declaração, voltada especialmente para a América Latina, fez com que a atuação externa norte-americana ficasse conhecida como a política do Big Stick (“grande porrete”).


Nesse período, os Estados Unidos realizaram diversas intervenções militares na região do Caribe, na América Central e nas ilhas do Pacífico. Essa ampliação de poder internacional levou-os, por exemplo, a apoiar a independência do Panamá em relação à Colômbia, em troca de um acordo (1903) pelo qual arrendaram a Zona do Canal do Panamá – única passagem existente na região ligando os oceanos Atlântico e Pacífico. Somente em 1999 ocorreria a devolução da autonomia do canal ao governo do Panamá.

  • Referências
FICHOU, Jean-Pierre. A civilização americana. Trad. Maria Carolina F. de Castilho Pires. Campinas, SP: Papirus, 1990

FOHLEN, Claude. O Faroeste (1860 - 1890). Coleção A vida continua. São Paulo: Companhia das Letras: Círculo do livro, 1989

KARNAL, Leandro [et al.] Os EUA no século XIX IN: História dos Estados Unidos: das origens ao século XIX. São Paulo: Contexto, 2007.

NARO, Nancy Priscilla S. A formação dos Estados Unidos. 3ª ed. São Paulo: Atual; Campinas, SP: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1987.

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Capítulo 8 - Os EUA no século XIX IN: Teláris História 8º ano. 3ª ed. São Paulo: Ática, 2018.

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