As invasões germânicas

 


Dando continuidade sobre como iniciou a Idade Média, acredita-se que o termo tenha sido formulado por estudiosos que viveram em cidades italianas no século XVI. Com a queda do Império Romano acabou contribuindo para que diversos povos de de diversas partes da Europa e da Ásia penetrassem no território. A maioria desses povos fazia parte de um grande grupo linguístico conhecido como germânicos.

A pressão dos germânicos sobre o território romano se agravou no século V, quando os hunos, povos não germânicos originários da Ásia Central, passaram a invadir suas terras. Forçados a se deslocar ainda mais para o interior do Império Romano, os germânicos promoveram ataques violentos, que prejudicaram o comércio e agravaram a crise da economia romana.

  • Estabelecendo as fronteiras
No início da era cristã, os germanos, ou germânicos, já estavam estabelecidos ao norte das terras romanas, sobretudo onde hoje se situam Alemanha, França, Bélgica e Holanda. Entre esses povos, estavam os visigodos, os anglos, os saxões, os hérulos e os francos.


Os povos germânicos tiveram forte presença na cultura ocidental antes e, principalmente, após a queda de Roma. Não se sabe ao certo a origem desses povos. A hipótese mais provável é que eles tenham vindo da Escandinávia e da região do mar Báltico, situadas no norte da Europa. Mais tarde, teriam entrado em contato com povos indo-europeus, como os celtas e os gregos. O resultado desse convívio foi uma influência cultural recíproca, tanto que a língua indo-europeia foi adotada pelos germânicos.
  • Organização social

Eles se organizavam em tribos (grupos de famílias ligadas por laços de parentesco e de dependência pessoal), adoravam vários deuses e não conheciam a escrita. As terras que ocupavam pertenciam à comunidade e eram divididas periodicamente entre as famílias para o cultivo.

Os povos germânicos tinham forte tradição guerreira. Durante as guerras, os chefes das famílias, reunidos em assembleias, escolhiam um líder para comandar as batalhas. O líder militar mantinha com seus guerreiros estreitos laços de lealdade e companheirismo. Esses laços tinham por base um juramento de fidelidade e de obrigações recíprocas. Os laços que uniam as duas partes formavam uma instituição conhecida como Comitatus.

As guerras desempenhavam um papel muito importante na vida das tribos. Por meio delas, garantiam-se terras para a agricultura e a criação de animais. Além disso, os líderes aumentavam sua riqueza e poder e os laços entre os membros das tribos ficavam ainda mais fortes.

  • A Germânia

Os romanos identificaram como Germânia o território que correspondia a uma área iniciada na margem ocidental do rio Reno e ia até as florestas e as estepes do que hoje conhecemos como Rússia e Ucrânia.

A delimitação final do que seria o território da Germânia era um tanto quanto vaga. Os romanos conheciam efetivamente a chamada Germânia Interior e a chamada Germânia Livre.

→ Germânia Interior: era ocupada pelos próprios romanos, era chamada de interior porque constituía o território do império e estava localizada a Oeste e Sul do rio Reno. Essa região ocupada da Germânia subdividia-se ainda em duas outras partes: a Germânia Inferior e a Germânia Superior. A primeira delas corresponde ao que conhecemos hoje como o sul dos Países Baixos e a segunda são os atuais territórios da Suíça e da Alsácia.

Germânia Livre: era o território que não possuía ocupação do Império Romano, correspondia às terras a leste do rio Reno.

Além dos povos romanos, a Germânia era ocupada por diversas tribos. A maioria delas era germânica, mas contava-se ainda com a presença de celtas, bálticas e citas

    • Os Reinos Germânicos
Durante o século V e o início do século VI, os germânicos fixaram-se em terras das antigas aristocracias romanas. Assim, os líderes guerreiros tornaram-se reis. Porém, como eles não possuíam uma organização estatal nem instituições para administrar os territórios conquistados, seus domínios tinham curta duração. Somente a partir do século VI alguns povos germânicos estabeleceram domínios duradouros na Europa. Foi o que ocorreu com os francos na Gália, com os anglo-saxões nas Ilhas Britânicas e com os lombardos na península Itálica.

Os reinos germânicos estabelecidos em antigas terras romanas não possuíam instituições como as de Roma (Senado, Tribunos da Plebe etc.). Mesmo assim, eles incorporaram elementos da cultura romana, como o latim e algumas leis do direito romano. O latim era mais usado nos setores administrativos, mas influenciou fortemente as línguas germânicas. Já o direito romano convivia com leis germânicas, baseadas nos costumes.

Os romanos, por outro lado, incorporaram alguns costumes germânicos, como o consumo cotidiano da carne de porco. Antes, os romanos consumiam esse tipo de carne apenas em festividades e banquetes.


Ao norte dos reinos germânicos começaram a se cristianizarem pouco a pouco e com isso os chefes de grupos consanguíneos ou de povos eram os únicos padres. Sem dúvida os reis, especialmente, podiam recear, se perdessem os seus direitos à prática dos sacrifícios, arruinar, por isso, um elemento essencial da sua grandeza. Mas, o cristianismo não os obrigou a renunciar os costumes anteriores mas houve uma certa decomposição espontânea por parte dos povos germânicos, ou seja, eles optaram para não continuarem as práticas religiosas após a sua conversão espontânea.

  • Referências
BLOCH, Marc. A sociedade feudal. Trad. Emanuel Lourenço Godinho. Digitalizado e Formatado por Uther Pendragon e Dayse Duarte. São Paulo: Edições 70

BRAICK, Patrícia Ramos; BARRETO, Anna. Capítulo 11 - A Europa Feudal IN: Estudar história - das origens do homem à era digital. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2018.

FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média: nascimento do ocidente. 2ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Brasiliense, 2001 [versão digital]

FERNANDES, Ana Claudia (org.) Capítulo 16 - Os reinos germânicos IN: Araribá mais história 6º ano. 1ª ed. São Paulo: Moderna, 2018.

GASPARETTO JÚNIOR, Antonio. Germânia. Brasil Escola. Disponível em: https://www.infoescola.com/historia/germania/ Acessado em 22 maio 2023.



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