Devido as disputas intensas, D. Pedro I resolveu dissolver a Assembleia Constituinte e encomendou um novo projeto constitucional, outorgado (imposta) por ele em 1824. A primeira Constituição do Brasil conciliava os interesses da elite com o autoritarismo do imperador. Veja as principais resoluções da lei:
→ Adoção da monarquia constitucional, dividido em quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e moderador (este último era exclusivo do imperador e lhe garantia o direito de intervir nos demais poderes).
→ Instituição de direitos políticos e liberdade de culto, bem como o voto censitário e um sistema eleitoral indireto, ou seja, Os eleitores escolhiam, nas eleições primárias, o colégio encarregado de eleger os deputados. Além disso, exigia-se do cidadão uma renda mínima para votar ou candidatar-se à Câmara e ao Senado.
→ Relação entre Igreja e o Estado regida pelo padroado real, no caso a religião oficial do Império foi o Catolicismo e o padroado real foi um acordo instituído entre a Santa Sé e Portugal, no qual o imperador podia organizar e financiar todas as atividades religiosas do reino.
→ Divisão do território brasileiro em províncias, governadas por um presidente nomeado pelo imperador.
O Primeiro Reinado foi um período politicamente conturbado, no qual persistiram os conflitos entre o imperador e as elites. Após conquistarem seu objetivo principal, ou seja, libertar a colônia da metrópole, as elites queriam garantir que o controle da nação permanecesse em suas mãos.
No processo de formação do Estado nacional brasileiro, diversos projetos surgiram em várias regiões da antiga colônia portuguesa. As elites regionais, as camadas médias urbanas e as camadas populares não tinham as mesmas ideias a respeito da organização do novo país, nem a mesma representação de pátria, de identidade nacional ou de nação.
As classes populares assustavam as elites, por isso, os grupos dominantes defendiam um Estado antidemocrático. Assim, a definição da ideia de nação resultou das disputas de poder entre as elites e as camadas médias de um lado e, de outro, as camadas populares. Muitos conflitos surgiram, sobretudo no período regencial. Dentre os inúmeros conflitos, separei três que tomaram proporções grandiosas, confiram a seguir:
→ Confederação do Equador (1824): foi uma revolta que aconteceu no Nordeste brasileiro envolvendo as províncias de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará em 1824, contra o autoritarismo de Dom Pedro I e em defesa do regime republicano no Brasil.
Ao fechar a assembleia e elaborar uma Constituição sem nenhuma discussão, ele mostrou os perigos do seu autoritarismo. Contudo, o Nordeste não aceitaria a centralização do poder político de forma passiva. Os pernambucanos decidiram pegar em armas para lutar contra o autoritarismo do governo central.
→ Guerra da Cisplatina (1825 - 1828): Durante o governo de D. João VI, a Banda Oriental (atual Uruguai), na Bacia do Prata, foi incorporada ao Brasil com o nome de Província Cisplatina. O controle da região era motivo de conflitos entre portugueses e espanhóis desde o século XVIII e tornou-se um problema também para o governo de D. Pedro I.
Em 1825, rebeldes da Província Cisplatina declararam a ruptura com o Brasil e a incorporação daquela região às Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina). Foi o início de uma guerra entre o Brasil e o governo de Buenos Aires, que trouxe perdas humanas e custos financeiros para ambos. A guerra terminou em 1828 com a independência da Província Cisplatina, que passou a se chamar República Oriental do Uruguai.
→ Noite das garrafadas: conflito entre portugueses e brasileiros, nos quais os portugueses eram a favor de D. Pedro I e os brasileiros eram opositores. Recebeu esse nome devido ao fato de que foram utilizadas garrafas pelos revoltosos. Essa revolta marcou a crise do Primeiro Reinado e o acirramento entre os dois grupos revoltosos.
Depois da independência, o Brasil continuou sendo um país agrário-exportador, muito dependente da variação de preços dos produtos primários no mercado internacional. Além disso, o custo da independência tinha sido elevado, tanto em razão das despesas militares como da pesada indenização exigida pelo governo português.
Endividado, o governo de D. Pedro I adotou uma política econômica desastrosa. Emitiu mais moeda do que podia, causando o aumento do custo de vida e a falência, em 1829, do Banco do Brasil. O curto reinado de D. Pedro I também foi marcado por conflitos com os brasileiros.
Em abril de 1831, já não era possível controlar as manifestações de protesto. Na capital e nas províncias, associações oposicionistas e até membros do alto-comando do exército pediam a derrubada do governo.
D. Pedro I, dividido entre os compromissos do governo do Brasil e as lealdades devidas a Portugal, custou a tomar uma decisão. A pressão vinda de Lisboa era intensa, pois os liberais portugueses, desde 1830, insistiam no retorno do imperador.
Isolado politicamente e abandonado pelos militares, em 7 de abril de 1831, D. Pedro I abdicou do trono do Brasil e partiu para a Europa. A Coroa foi passada a seu filho, o brasileiro Pedro de Alcântara, então com 5 anos de idade (como a maioridade era com apenas 21 anos, foi criado um sistema de regências para governar o país). A renúncia do imperador significou a vitória das elites brasileiras e a ruptura definitiva com Portugal.
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