O uso da linguagem e da memória

 

Ao longo do tempo, os seres humanos desenvolveram diferentes formas de comunicação, tanto orais quanto não orais. Os seres humanos se comunicavam há milhares de anos atrás por meio de gestos, gritos e até mesmo cheiros.

À medida que os primeiros seres humanos passaram a se dedicar a tarefas cada vez mais complexas, supõe-se que a capacidade de falar acompanhou suas atividades. Se no início ela foi um complemento dos gestos do corpo, permitindo que houvesse algum tipo de comunicação, logo a linguagem passou a expressar coisas mais abstratas.

Para esse nível de comunicação, os estudiosos apontam que uma forma “primitiva” de linguagem mais complexa e que provavelmente deu origem a todas as que vieram depois, data de aproximadamente 50 mil anos. Portanto, muito tempo depois do ser humano ter começado a produzir sons mais complexos.

Ao longo dos anos, diversas civilizações desenvolveram diferentes formas de escrita. Além de aprimorar a comunicação, a escrita foi importante para registrar informações, como estoques de mercadorias, pagamentos, cobranças de impostos, leis, entre outras. Dentre os sinais que os seres humanos utilizaram ao longo dos anos, temos:

→ Sinais Pictográficos: Os registros mais antigos que foram encontrados mostram desenhos feitos em formato de figuras que representavam aquilo que existia na natureza. Era a escrita com sinais pictográficos, em que o desenho significava diretamente aquilo que as pessoas queriam dizer.

→ Sinais ideográficos: Ao longo dos anos, porém, os desenhos ficaram mais estilizados. Os sinais passaram a representar ideias e sentimentos. Quando se desenhava um Sol, por exemplo, muitas vezes a intenção era representar a luz ou o período de um dia. Surgia então a escrita com sinais ideográficos.

→ Sinais fonéticos: Como a quantidade de símbolos se tornou cada vez maior, alguns sistemas de escrita passaram a incorporar sinais que representassem o som das palavras. Assim, surgiu a escrita com sinais fonéticos, em que as palavras são formadas pela combinação de sinais que representam sons e não os objetos em si.

Inscrição fenícia produzida no século 1 a.C. Acervo do Museu da Civilização Romana, em Roma, Itália. Foto de 2016.

→ Escrita Hieroglífica: Uma das mais conhecidas escritas egípcias é a hieroglífica, também chamada de “escrita dos deuses”. Ela era formada por sinais ideográficos que podiam representar objetos ou sons.

→ Alfabeto fenício: O alfabeto foi uma das principais inovações dos fenícios. Esse sistema de escrita foi criado há aproximadamente 2.800 anos. Nele, cada letra representa um som, por isso ele é chamado de alfabeto fonético.


→ Alfabetos grego e latino: foram originados dos sinais fonéticos dos fenícios. Os gregos adicionaram as letras que hoje conhecemos como vogais e os romanos alteraram o formato de alguns sinais, tornando-os mais parecidos com os que usamos hoje.


  • Comunicação pela linguagem
Depois do surgimento da linguagem verbal, as pessoas inventaram outros meios para se comunicar. Desde a época dos nossos antepassados até os dias de hoje, surgiram muitos novos modos de nos comunicarmos. Dentre algumas formas de comunicação ao longo dos anos tivemos: cartas, telefone público, celular, telegrama, fax e o computador.

→ O uso de idiomas

Estima-se que existam mais de 6 mil idiomas diferentes em uso no mundo, os mais falados são: mandarim, hindi, português, inglês e espanhol. O idioma falado pelo maior número de pessoas é o chinês. O inglês é o segundo idioma mais falado e é considerado uma língua popular. O português é o sétimo idioma mais falado do mundo.

O português é a língua mais falada no Brasil, mas não é a única. Segundo o Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 274 línguas indígenas são faladas no país, além do português. além disso, a língua portuguesa também é falada em outros países do mundo como: Portugal, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial, Angola, Moçambique e Timor-Leste isso se deu devido a esses territórios e suas populações nativas foram colonizados pelos portugueses que originaram o português.

Mas no Brasil, não é somente o português que é reconhecido como idioma oficial, segundo a Legislação Brasileira temos a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e os dialetos indígenas. A Libras é uma língua que permite a comunicação por gestos, expressões faciais e corporais. Reconhecida por lei desde 2002, a Libras é muito utilizada na comunicação com pessoas surdas, sendo portanto uma importante ferramenta de inclusão social.

Como o português, a Libras tem regras gramaticais próprias e pode ser aprendida e utilizada por qualquer pessoa – surda ou não. Veja a seguir como as letras usadas para escrever a língua portuguesa são representadas em Libras.


  • A escrita e os registros da história
Estudiosos da linguagem acreditam que os deslocamentos dos primeiros grupos humanos ocasionaram, ao longo do tempo, o surgimento de línguas diferentes entre si, faladas pelos diferentes grupos. Algumas delas desapareceram, e várias se modificaram, dando origem a outras línguas.

As línguas faladas no mundo hoje em dia são o resultado de transformações, mudanças e adaptações ocorridas ao longo de milênios em línguas de diferentes povos.

→ A oralidade na África

Em várias civilizações do continente africano, como aconteceu entre os fulas, hauçás e mandingas, entre outros, havia homens que tinham a função de preservar e transmitir as histórias, as canções e os mitos de seus povos, por meio de expressões artísticas.

Os griôs, termo pelo qual esses indivíduos eram conhecidos, dedicavam-se a apresentar narrativas das histórias da dinastia dos governantes, mas também falavam das histórias e tradições do povo comum, suas crenças e seus valores.

Quando os europeus chegaram a África Ocidental durante as grandes navegações, as comunidades africanas já tinham griôs em atividade há séculos. No ato de narrar suas histórias, os griôs usavam todas as formas de expressão: usavam todo seu corpo para contar suas histórias, usavam instrumentos, cantavam, interpretavam os personagens, alterando sua voz de acordo com a fala deles, enfim, envolviam inteiramente aqueles que os ouviam.

Ainda hoje, em muitas comunidades africanas, existem griôs que são fundamentais para transmitir oralmente as histórias de seus povos. Eles são admirados por suas comunidades e continuam praticando essa forma de arte milenar.

Símbolos na comunicação

Além das línguas, o uso de símbolos na comunicação humana é bastante comum. Alguns deles foram criados para serem usados e compreendidos por diferentes povos, independentemente da língua falada por eles, a fim de facilitar a comunicação. São utilizados para substituir avisos, comunicados e proibições por escrito.

Atualmente, essa maneira de se comunicar também é muito utilizada em redes sociais e aplicativos de troca de mensagens. Os emojis, as chamadas “carinhas”, por exemplo, servem tanto para representar objetos como para demonstrar emoções.


  • Tradições orais e memória
Os historiadores, na realização de suas atividades, aproveitam todos os vestígios do passado como forma de compreender a maneira como os povos organizavam suas vidas.

Para as sociedades que já praticavam a escrita, a principal fonte de conhecimento sobre o passado são os documentos escritos. Neles está registrado a forma como essas sociedades se organizavam, resolviam seus conflitos, viviam no dia a dia. Para as sociedades que não produziram registros escritos, é preciso buscar essas evidências em outros vestígios. Isso, em alguns casos é conseguido consultando fontes orais.


Essas fontes são obtidas através do depoimento de pessoas que, por meio de alguma forma de transmissão, tiveram acesso a um conjunto de relatos e tradições do passado. Por isso é tão importante que as práticas que ainda existem de transmissão oral das tradições sejam mantidas e cultivadas. Elas conservam um aspecto fundamental da vida em comunidade que é a troca de experiências e aprendizados que desenvolvemos no dia a dia, por meio das pessoas reconhecidas como sábias, por terem vivido muito e conhecerem as tradições antigas da sociedade da qual fazem parte. 

  • Referências
CHARLIER, Anna Maria; SIMIELLI, Maria Elena. Capítulo 5 - O uso da linguagem e a memória IN: Ápis mais história 5º ano. 1ª ed. São Paulo: Editora Ática S.A., 2021. 94 - 109 pgs.

MINORELLI, Caroline; CHIBA, Charles. Linguagem e comunicação escrita IN: Vida Criança História 5º ano. 1ª ed. São Paulo: Saraiva Educação S.A., 2021.

REIS JR., Antônio [et al.]. Capítulo 5 - Comunicação e História IN: Diálogos História 5º ano. 1ª ed. São Paulo: Editora Ática S.A., 2021. 86 - 103 pgs.

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