Ao longo do século XVIII, a Coroa espanhola foi perdendo sua autoridade sob as colônias na América, essa perda se deu principalmente pela influência das ideias iluministas e os grupos sociais menos favorecidos da América espanhola (povos nativos, escravizados de origem africana e trabalhadores livres, vejam a pirâmide social abaixo) identificavam-se com os ideais franceses de igualdade, fraternidade e autogoverno.
Muitos criollos temiam uma radicalização do movimento de independência, a exemplo do que ocorreu no Haiti. Isso colocaria em risco sua posição de prestígio, posses e seu domínio sobre a população nativa e sobre os escravizados, além do risco de ampliar a participação popular nas decisões políticas locais.
As guerras de independência se iniciaram nas colônias hispânicas e contou com a participação tanto dos criollos quantos das camadas populares. Assim, quando as guerras de independência se iniciaram nas colônias hispânicas, os criollos não se mobilizaram apenas contra o domínio metropolitano, mas também contra as camadas populares, que desejavam mudanças mais profundas na sociedade, e contra uma parcela da própria elite, que desejava manter as estruturas da colonização e até mesmo preservar os laços de subordinação colonial. Ou seja, embora a população tenha participado das mobilizações para a independência, foi principalmente a elite criolla que conduziu cuidadosamente esse processo, de acordo com seus interesses.
- Guerra Civil e o rompimento com a Espanha
Entre os anos de 1807 e 1808, o exército do imperador francês Napoleão Bonaparte invadiu a Península Ibérica com o objetivo de fazer valer o Bloqueio Continental, impedindo o comércio de Portugal e Espanha com a Inglaterra. Nessa ocasião, o rei espanhol, Fernando VII, foi deposto, preso e levado para o exílio na França.
Devido a essa crise, a metrópole enfraqueceu e isso estimulou o movimento automista dos criollos, que se organizaram a partir dos Cabildos (câmaras municipais implantados pela Espanha em suas colônias), e os colonos formaram às juntas governativas depondo as autoridades metropolitanas e assumindo a administração das colônias.
Entre 1808 e 1824 – um tempo relativamente curto –, o Império espanhol na América desmoronou e, em seu lugar, se formaram quase duas dezenas de países independentes. Os movimentos de independência que deram origem a esses novos países foram motivados por fatores internos e externos.
As guerras de independência podem ser divididas em duas fases:
- Primeira fase (1810 a 1814): os habitantes das colônias, liderados pelos criollos em cidades como Caracas, Buenos Aires, Bogotá e Santiago, formaram exércitos e obtiveram importantes vitórias contra os realistas. Naqueles anos, as forças de Bonaparte controlavam a maior parte da Espanha e os espanhóis estavam ocupados com a expulsão dos franceses de seu território.
- Segunda fase (1814 a 1825): começou com a queda de Napoleão e a volta do rei Fernando VII ao trono espanhol. Ao retomar o poder, o rei espanhol reestabeleceu o absolutismo e enviou para a América uma grande expedição com 10 mil homens para combater os movimentos pela independência.
- Independência do México e da América Central
À medida que o Estado espanhol se mostrava mais fraco e decadente, as elites coloniais passaram a apoiar a independência de suas colônias como forma de proteger seus interesses políticos e econômicos contra o avanço do Império Napoleônico.
A partir de 1810, começaram as primeiras insurreições pela independência nas capitanias da Venezuela e do Chile, e no Vice-reino do Rio da Prata, que atualmente corresponde aos atuais territórios do Paraguai, Uruguai, Argentina e parte da Bolívia.
Após a deposição de Fernando VII, entre os anos de 1810 e 1814 os centros urbanos coloniais transformaram-se nos grandes irradiadores dos ideais separatistas, dentre os principais líderes da independência tivemos:
Em 1810, um exército de camponeses pobres, liderados pelos padres Miguel Hidalgo e José María Morelos, sublevou-se. Eles carregavam estandartes de Nossa Senhora de Guadalupe e exigiam independência com divisão da terra entre os pobres.
Os rebeldes chegaram a formar um exército com 80 mil pessoas e conquistaram algumas cidades; e, assim, Hidalgo proclamou o fim da escravidão negra e dos tributos indígenas. Unidos contra esse movimento, que punha em risco sua riqueza e privilégios, criollos e chapetones o reprimiram duramente e, a seguir, fuzilaram o padre Hidalgo.
Durante a repressão ao movimento camponês, as autoridades espanholas confiaram o comando das tropas ao general Agustín de Iturbide, onde a independência só foi alcançada quando o agora então coronel Iturbide, que lutava ao lado da Espanha contra as forças emancipacionistas, converteu-se à causa da independência de Guerrero. Em 1821, na cidade de Iguala, ele estabeleceu um acordo com os rebeldes (o Plano de Iguala) que determinava a libertação da Nova Espanha e a constituição de uma monarquia independente do México.
Em 1822, Iturbide proclamou-se imperador do México, mas foi deposto no ano seguinte por um movimento republicano.
- Governos Centro-americanos
Após conquistar a independência, em 1821, a Capitania Geral da Guatemala foi anexada ao Império Mexicano de Iturbide (com exceção do atual Panamá, que se uniu a Nova Granada). Em 1823, porém, voltou a se separar, formando a Federação das Províncias Unidas da América Central. Esta sobreviveu até 1838, quando se fragmentou em vários Estados republicanos. As ilhas da Capitania Geral de Cuba (atuais Cuba, República Dominicana e Porto Rico) permaneceram sob o domínio colonial por mais algumas décadas.
Na América espanhola, o projeto de independência que venceu foi o das elites criollas; por isso a concentração de terras em mãos de poucos e as enormes diferenças sociais entre ricos e pobres se mantiveram inalteradas.
BOULOS JÚNIOR, Alfredo. Capítulo 7 - Independências: Haiti e América Espanhola IN: História, sociedade & cidadania 8º ano. 4ª ed. São Paulo: FTD, 2018. págs. 109 - 114.
DIAS, Adriana Machado [et al.] Capítulo 6 - As independências na América espanhola IN: Vontade de Saber História 8º ano. 1ª ed. São Paulo: Quinteto Editorial, 2018. págs. 122 - 130.
VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Capítulo 6 - As independências na América espanhola IN: Teláris História 8º ano. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2018. págs. 96 - 100.
Comentários
Postar um comentário