As Invasões Francesas e Holandesas

 

Após a exploração das riquezas até então conhecidas da costa brasileira, como o pau-brasil e a cana-de-açúcar, outras nações europeias se interessaram pela região. Dentre os principais interessados estavam os franceses e os holandeses, pois na visão do período o novo país era uma porta aberta para intervir no Caribe, local por onde passavam navios espanhóis carregados de metais preciosos.

  • Os Franceses no Brasil
A primeira consequência do domínio espanhol no Brasil foi dar-lhe os inimigos de Espanha por próprios. Não perdeu, por isso, os antigos. E agora, a França que fora por D. Antônio, Prior do Crato, contra Filipe II, tinha a mais, ser contra Espanha, no mesmo Brasil.

Em 1555, Nicolas de Villegagnon desembarcou com dois navios na região da Baía de Guanabara e iniciou a constituição da França Antártica. O nome adotado se deu pelo fato de os franceses acharem que estavam próximos ao polo antártico. A colônia conseguiu o apoio dos índios tamoios, que os auxiliaram na exploração do pau-brasil em troca de artefatos produzidos na Europa, principalmente os de metal, como ferramentas. Outra característica da colonização francesa foi a convivência entre calvinistas franceses, os huguenotes, e católicos no entrave francês na Baía da Guanabara. Inicialmente amistosa, a convivência entre os adeptos dos dois tipos de cristianismo passou a sofrer percalços que resultaram no enfraquecimento da organização da França Antártica.

A reação portuguesa foi rápida, pretendendo impedir que a França Antártica se consolidasse em terras da coroa lusitana. Em 1560, sob o comando do governador-geral da colônia brasileira, Mem de Sá, a França Antártica foi destruída. Mas os portugueses não tiveram que enfrentar apenas os franceses nesses confrontos.

A Confederação dos Tamoios foi formada em 1564 por indígenas das tribos dos tupinambás, aimorés e termiminós para enfrentar os portugueses, que os aprisionavam para escravizá-los, e as demais tribos que apoiavam os lusitanos, como os guaianazes. Como os franceses eram também inimigos dos portugueses, houve uma aliança entre a Confederação dos Tamoios e os ocupantes franceses. Os conflitos superaram no tempo o fim da França Antártica, estendendo-se até 1567. A fundação da cidade de São Salvador do Rio de Janeiro foi uma das consequências da invasão francesa no litoral sul do Brasil.

Quadro O último tamoio, de Rodolfo Amadeo (1857-1941), retratando o fim das guerras entre os indígenas e portugueses

Com a derrota no Rio de Janeiro, os franceses passaram a realizar investidas no litoral nordestino. Entre 1612 e 1615, eles tentaram realizar a construção de uma nova colônia, a França Equinocial. A construção do forte de São Luís, comandada por Daniel de La Touche, deu início à fundação da cidade de São Luís, nome escolhido em homenagem ao monarca francês que foi canonizado. A segunda invasão francesa ocorreu no momento em que estava em vigor a União Ibérica, o que levou a uma ação conjunta entre portugueses e espanhóis para expulsar novamente os franceses da colônia brasileira.

Uma consequência imediata do fracasso da invasão francesa foi a colonização do Maranhão e sua transformação numa colônia separada do Brasil com o nome de estado do Maranhão, subdividido em 6 capitanias e abarcando as atuais áreas do Pará e do Amazonas. Em 1615, os franceses foram expulsos pelos portugueses e o governo local decidiu ocupar a região, pois essa era a melhor forma de defendê-la de novas ocupações.

  • Holandeses no Brasil
A primeira tentativa de invasão feita pelos holandeses ocorreu na Bahia, entre 1624 a 1625. Os invasores conseguiram dominar a cidade com certa facilidade. Segundo Fausto (1995), eles levaram apenas um dia para estabelecer seu domínio, mas contaram com uma forte resistência dos habitantes locais, que organizaram contra-ataques que acabaram por expulsar os estrangeiros em aproximadamente um ano. Já a segunda tentativa, a partir de 1630, em Pernambuco, foi melhor sucedida e deu origem ao estabelecimento holandês na região do atual nordeste.

Outro país que teve interesse nas terras brasileiras foi a Holanda. Inicialmente, holandeses e portugueses eram parceiros comerciais na produção açucareira, porém, em decorrência da União Ibérica (1580-1640), o rei espanhol Felipe II passou a ocupar o trono português. Os holandeses quiseram garantir o retorno dos investimentos realizados durante a parceria com os portugueses.

Em 1630, os holandeses tomaram Pernambuco, uma das regiões mais prósperas da colônia, cujo atrativo era a grande produção de cana-de-açúcar. Maurício de Nassau assumiu o governo de Pernambuco e fez a região progredir bastante. O retorno de Nassau à Holanda permitiu que os colonos se voltassem contra os holandeses, numa luta que durou cerca de dez anos e foi chamada de Insurreição Pernambucana.


  • Vista da Cidade Maurícia e de Recife (denominação de parte da cidade de Recife durante o período do domínio holandês). Pintura do holandês Frans Post, do século XVII.
Os holandeses foram expulsos definitivamente em 1654, mas levaram com eles mudas de cana-de-açúcar que plantaram nas Antilhas, o que acarretou grandes prejuízos ao comércio português de açúcar na Europa.

Por sua vez, os holandeses dominaram diversos territórios na África (a região do cabo da Boa Esperança) e na Ásia (Java, Ceilão e Nova Guiné). Na América, fundaram Nova Amsterdã, que corresponde à atual cidade de Nova York. Na América portuguesa, invadiram Salvador (1624-1625) e Pernambuco (1630-1654).
  • Referências
LOPEZ, Luiz Roberto. Capítulo VI - O domínio espanhol e o fim de uma etapa colonizatória IN: História do Brasil Colonial. Série Revisão, nº 4. 8ª ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1997. págs. 52 - 56.

PEIXOTO, Afrânio. Capítulo V - Segundo século IN: História do Brasil. 2ª ed. Cia. Editora Nacional, 2008.

PINTO, Tales dos Santos. Invasões francesas na colônia portuguesa; Mundo Educação. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/invasao-francesa.htm Acesso 25 julho 2023

MARSICO, Maria Teresa [et al.] Capítulo 8 - As invasões francesas e holandesas IN: Marcha Criança história e geografia 5º ano. 14ª ed. São Paulo: Scipione, 2019. págs. 74 - 77.

ZAMARIAM, Julho [et al.] Seção 2.3 - A economia canavieira e as "invasões" holandesas IN: História do Brasil Colonial. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018. págs. 103 - 124.


Comentários