Os Regimes Totalitários

 

Apesar dos esforços para promover a reconstrução da Europa, muitas pessoas sofriam com as dificuldades do pós-guerra. Diante disso, cresceu a insatisfação com os governos democráticos e sua incapacidade de resolver os problemas que se apresentavam.

Nesse cenário, surgiram movimentos que propunham a substituição do regime democrático por um Estado forte que organizasse a economia e restaurasse a ordem. Além de se opor à democracia, tais movimentos eram violentamente anticomunistas e antissocialistas. Quase ao mesmo tempo, surgiu em determinados locais alguns regimes totalitários como Nazismo, Fascismo e o Franquismo.

  • Perfil dos regimes autoritários
Para as pessoas que participavam desses movimentos, a ação coletiva sob o comando de um líder enérgico, capaz de tirar a nação da crise, era mais importante que as liberdades individuais.

Os regimes totalitários eram movimentos autoritários, pois valorizavam mais a autoridade e o poder do líder que a liberdade de escolha dos cidadãos. Além disso, eram movimentos de caráter nacionalista, pois colocavam os interesses da nação acima de tudo. Esses movimentos extremistas foram organizados principalmente em países nos quais a crise do pós-guerra criou enormes dificuldades no dia a dia da população.

Apesar de terem em comum uma ideia nacionalista também existiam algumas diferenças entre si como por exemplo: 

→ Concentração do poder nas mãos de um pequeno grupo de pessoas, organizadas em um partido único.
→ Extinção das liberdades e dos direitos individuais e coletivos.
→ Repressão sem limites, que estabelecia rígido controle sobre a vida pública e privada das pessoas.
→ Uso dos meios de comunicação de massa para exaltar o governo e a figura do líder, e para difundir a ideologia do partido.
→ Perseguição implacável aos socialistas, comunistas e outros opositores do regime.
→ Censura e controle dos meios de comunicação, violência e ódio contra as minorias, como homossexuais, imigrantes, ciganos e judeus.
→ Capacidade de mobilizar o apoio de amplos setores da população, apesar da repressão exercida.

Essa nova forma de controle do poder recebeu o nome de totalitarismo, ou seja, que foi uma forma de organização do Estado na qual o poder pertence a um único partido, que governa de modo extremamente autoritário extinguindo outros partidos. Quando esse determinado grupo ascendia ao poder, ocorria na grande maioria das vezes a supressão da liberdade, controlavam a imprensa e utilizavam o terror para submeter a sociedade, outra característica do Estado totalitário era que exerciam uma vigilância constante sobre a vida privada das pessoas, basicamente todas as pessoas eram suspeitas em atentar de alguma forma contra o governo. A seguir iremos comentar sobre três regimes totalitários mais conhecidos.
  • Nazismo
A república alemã foi proclamada em novembro de 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, e foi resultado de uma revolução conduzida por socialistas e liberais. O novo governo, conhecido como República de Weimar, pôs fim à guerra e negociou a paz com os vencedores.

Em 1919, houve uma conferência de paz em que, sem a presença dos países derrotados, foi assinado o Tratado de Versalhes, o qual definia a situação dos países envolvidos na guerra. O documento, considerado humilhante pelos alemães, declarava a Alemanha responsável por todos os danos causados aos países vencedores e impunha a ela uma “paz punitiva”.

→ Ascensão do Nazismo

A crise econômica e social que atingia a Alemanha durante a República de Weimar, agravada pelos ressentimentos nacionalistas, criou o cenário ideal para a fundação, em 1919, do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, o Partido Nazista liderado por Adolf Hitler a partir de 1932. A doutrina nazista, articulada politicamente em torno do partido, proclamava a superioridade do que eles chamavam de “raça ariana”, da qual os alemães supostamente teriam se originado. 


Os nazistas procuravam explorar o sentimento nacionalista da população alemã, abalada com os resultados da guerra. Prometendo resgatar a honra nacional, defendiam a destruição dos principais inimigos da Alemanha: externamente, as potências que impuseram o Tratado de Versalhes; internamente, os judeus, acusados de conspirar contra a Alemanha, os comunistas e o governo republicano e liberal de Weimar. Além disso, a estrutura do partido, fortemente militarizada, simbolizava a ideia de ordem num país desorganizado política, social e economicamente.

A ideologia nazista combinava expansionismo, belicismo, nacionalismo e racismo. Dois conceitos fundamentais resumiam seus ideais e davam base às políticas implementadas pelo governo:

→ Pangermanismo: Segundo essa tese, o Estado alemão deveria incorporar os territórios de outros países europeus habitados por populações alemãs, formando uma grande nação ariana.
→ Espaço vital: Por esse princípio, os povos que os nazistas consideravam “ inferiores” deveriam ser dominados, garantindo territórios onde a nação ariana, ou alemã, pudesse se desenvolver plenamente. Esse espaço vital correspondia, em grande parte, à Europa Oriental, incluindo o território soviético.

  • Fascismo
Após a Primeira Guerra Mundial, assim como nos outros países da Europa, a economia da Itália se deteriorou. Empresas fecharam suas portas e o desemprego atingiu níveis altíssimos. Além disso, a sociedade italiana enfrentava o drama das perdas humanas na guerra: 500 mil mortos e 400 mil mutilados.

De um lado, a crise do pós-guerra e o fortalecimento das organizações operárias fizeram avançar as propostas socialistas, influenciadas pela Revolução Russa. Do outro, desempregados, ex-combatentes e antigos socialistas fundaram o Fasci di Combattimento, grupo paramilitar liderado por Benito Mussolini. O movimento combatia os comunistas, a democracia liberal e as organizações operárias e socialistas.


Em outubro de 1922, os fascistas promoveram a Marcha sobre Roma. Pressionado, o rei convocou o líder fascista (a partir daí conhecido como o Duce, “o Condutor”) a ocupar o cargo de primeiro-ministro.


Como chefe de governo, Mussolini extinguiu os partidos políticos de oposição, censurou a imprensa e criou uma polícia política que vigiava e punia os opositores do regime.

Podemos definir o Fascismo como um regime ou movimento político e ideológico em que o conceito de 'nação' e 'raça' está acima do indivíduo e seus valores. Tem como características principais: o nacionalismo, populismo, antiliberalismo e o antissocialismo.
  • Franquismo
Foi um regime totalitário nazifascista que leva o nome do seu líder, Francisco Franco, dominando a Espanha durante os anos de 1939 até 1975. Fundado pelo próprio Franco no ano de 1936, com o Comitê de Defesa Nacional (um grupo de militares que se rebelou contra a república), o regime teve seu ápice após a vitória na Guerra Civil Espanhola, que ocorreu principalmente devido à insatisfação com a vitória republicana socialista em 1931.

Francisco Franco (à sua esquerda) ao lado de Benito Mussolini (à sua direita), os líderes do franquismo e do fascismo respectivamente.

As características do franquismo tiveram como base a Falange Espanhola, um movimento inspirado no fascismo e que atuava na Espanha nos anos de 1934 e 1935. Tais características tinham as seguintes bases:

→ Nacionalismo: o patriotismo radical que combatia qualquer tipo de movimento separatista.
→ Anticomunismo: devido aos comunistas ansiarem por um governo sem religião (laico) em um país cujo histórico carrega uma cultura altamente religiosa (católica).
→ Militarismo: em virtude de o movimento ser formado por militares.
→ Catolicismo: devido ao fato de que o governo anterior, na Segunda República, havia perseguido e fechado igrejas e instituições católicas em um país como a Espanha, que carregava uma forte cultura católica desde os tempos dos reis católicos Isabel I e Fernando II.
→ Controle nas mídias: o uso exacerbado da censura e das propagandas governamentais foi ideal para promover a ideologia franquista.
→ Totalitarismo: forte interferência estatal em todas as áreas, como na política, na economia, nos sindicatos, na educação e na liberdade individual.
→ Culto ao líder Francisco Franco: por ser considerado um grande revolucionário que iria tirar a Espanha da crise política e financeira.

  • Referências
ARDISSÃO, Marcell de Oliveira. Franquismo; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/franquismo.htm Acesso 10 julho 2023.

ARENDT, Hannah. Parte III - Totalitarismo IN: Origens do Totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Companhia de bolso, 2009.

FERNANDES, Ana Claudia [org.] Capítulo 5 - O mundo em crise: recessão e totalitarismo IN: Araribá mais história 9º ano. 1ª ed. São Paulo: Moderna, 2018. págs. 76 - 81.

SERIACOPI, Gislane Campos Azevedo [et al.]. Capítulo 4 - O totalitarismo e a segunda guerra mundial IN: Inspire História 9º ano. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2018. págs. 87 - 91


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