Após a Guerra das Duas Rosas onde ao final ocorreu a ascensão do trono por Henrique VII, da Dinastia Tudor que finalizou com a morte de Elizabeth I em 1603, o trono inglês passou para seu primo, o rei da Escócia Jaime I, da família Stuart. Com essa mudança dinástica a busca pela consolidação do poder absolutista e a perseguição religiosa foram dois aspectos do governo de Jaime I e do de seu filho, Carlos I.
Muitos puritanos (calvinistas escoceses) abandonaram o país e emigraram para as colônias da América do Norte. Enquanto os Stuarts estavam no comando da Inglaterra, houveram uma série de revoltas que abalou o poder monárquico inglês, pois a população começou a se revoltarem contra o antigo regime, no qual quatro momentos se sobressaem no período que ficou caracterizados como Revoluções Inglesas: Guerra Civil, República Puritana, Restauração Monárquica e a Revolução Gloriosa, no qual veremos sobre cada uma delas a seguir:
- Guerra Civil (1641 - 1649)
Quando Carlos I (1625 - 1649) assumi o poder, foi um momento de reestabelecer os cofres públicos devido ao conflito da Guerra das Duas Rosas (1455 - 1485). Para isso, ele tomou a decisão de aumentar os impostos da população o que fez que a monarquia entrasse em um conflito aberto com o Parlamento e tentou combater as perseguições de povos cuja religião eram puritanos escoceses.
Em 1628, o Parlamento aprovou, contra a vontade do rei, uma Petição de Direito (também conhecida como Segunda Carta Magna), que limitava os poderes do monarca de instituir impostos e de aplicar prisões sem a aprovação dos parlamentares.
Diante das pressões, Carlos I fechou o Parlamento em 1629 e só voltaria a convocá-lo em 1640. A insistência do soberano em impor a religião anglicana e cobrar impostos cada vez mais altos provocou uma guerra civil de fundo religioso e político. De um lado, estavam os cavaleiros, grandes proprietários, católicos e anglicanos que eram partidários do rei; de outro, os cabeças redondas, partidários do Parlamento, representantes de pequenos proprietários, populações urbanas e calvinistas puritanos e presbiterianos.
A guerra civil terminou com a vitória dos cabeças redondas, liderados por Oliver Cromwell. O rei Carlos I, fugiu para Escócia porém foi aprisionado, julgado e condenado a morte pela forca em 1649. Os Cabeças redondas aboliram a Monarquia e instituíram uma República, sob a liderança de Cromwell e governados por um Conselho de Estado, composto por 41 membros sob a supervisão da Câmara dos Comuns.
- República Puritana (1649 - 1658)
Com a formação do novo Estado denominado de Commonwealth a partir de 1653, Cromwell impôs uma ditadura pessoal, dominou o Conselho e a Câmara e chegou a receber o título de Lorde Protetor da República.
Durante o período republicano, a Inglaterra desenvolveu sua indústria naval. Os Atos de Navegação de Cromwell estabeleceram que os produtos importados pelo reino deveriam ser transportados apenas por navios ingleses ou pelos países produtores. Com isso, buscava-se ampliar a participação inglesa no lucrativo comércio internacional, então liderado pela Holanda. Prejudicada em seus interesses, a Holanda declarou guerra aos ingleses em 1652, mas foi derrotada em 1654. Com isso, a Inglaterra tornava-se a maior potência marítima do mundo.
- Restauração Monárquica (1659 - 1687)
Quando Cromwell falece em 1658, seu filho Ricardo foi indicado como sucessor, demitindo-se depois, o cargo de Lorde Protetor passou a ser disputado pelos generais de Cromwell. Até que o general Monk, encontrou uma solução para a crise política, que foi apoiada por todo o país: em 1660, Carlos II (filho de Carlos I) que havia sido executado por ordem de Cromwell assumiu o trono inglês, restaurando a monarquia.
Foi no seu reinado que as forças políticas se organizaram institucionalmente nos partidos Liberal (Whig) e Conservador (Tory). Apesar do predomínio dos conservadores no Parlamento, foram votadas diversas leis progressistas, porém as atitudes de Carlos II, foram recebidas com desconfiança pelo Parlamento e a população fazendo com que houvesse mais pressões sobre o rei, gerando novos conflitos com o Parlamento, sobretudo a legislação que restringia o culto puritano.
Como Carlos II morreu em 1685 e, como não tinha filhos, foi sucedido pelo irmão, o duque de York, que assumiu com o título de Jaime II. Ele deu continuidade à política pró-catolicismo de seu antecessor, mas o quadro político da Inglaterra não tolerava mais ações absolutistas. A questão religiosa foi o traço mais evidente dessa última crise, que apontava para a limitação institucional dos poderes do rei, conservando-se, porém, a monarquia.
Os adversários do rei no Parlamento se convenceram de que qualquer reforma política deveria começar pela deposição da dinastia Stuart e, assim, conspiraram com Guilherme de Orange, príncipe holandês protestante, genro de Jaime II, para que ele assumisse o trono da Inglaterra com poderes limitados.
- Revolução Gloriosa (1688 - 1689)
Em 1685, com a morte de Carlos II, o trono inglês foi assumido por Jaime II, seu irmão. Defensor do absolutismo político e da religião católica, ele conseguiu a oposição das duas alas do Parlamento. Em 1688, os dois lados se juntaram contra o rei, no movimento denominado Revolução Gloriosa. Para tanto, aliaram-se a Guilherme de Orange, protestante, marido de Maria, filha mais velha de Jaime II, e governante da Holanda.
Detalhe do teto da Painted Hall, sala pertencente à Antiga Escola Real Naval de Greenwich, em Londres, Inglaterra. A pintura retrata o rei Guilherme III e a rainha Maria II e foi feita por James Thornhill entre 1707 e 1727.
Em 1688, Guilherme, a convite do Parlamento, desembarcou na Inglaterra à frente de um exército anglo-holandês. Enviado para combatê-lo, o exército real desertou e o rei fugiu para a França. Jaime II foi deposto sem resistência, abandonado por suas tropas.
Guilherme de Orange assume a Coroa inglesa, com o título de Guilherme III, e temendo um novo absolutismo, promulga uma Declaração de Direitos (ou Bill of Rights), onde se comprometeu a respeitar o poder do Parlamento e as s leis que garantiam as liberdades individuais e reduziam a autoridade da realeza. Com o Ato de Tolerância, estabeleceu-se a liberdade religiosa. Era o triunfo do regime parlamentar sobre o absolutismo real e o início de um período de moderação entre burguesia e nobreza na política da Inglaterra.
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