Europa no século XIX

 

Na Europa, no século XIX, a população e o tamanho das cidades aumentaram de forma espantosa. A produção industrial e o comércio internacional estavam em grande expansão. Ao mesmo tempo, as monarquias continuavam a ser a principal forma de governo, algumas delas ainda absolutistas.

A Europa do século XIX assistiu a um enorme crescimento demográfico e acentuado êxodo rural, provocados pelo desenvolvimento industrial concentrado nos centros urbanos. Em 1850, 22 cidades europeias tinham mais de 100 mil habitantes; dez anos depois, já eram 45 cidades; e, em 1913, esse número havia saltado para 184. No início do século XX, mais da metade da população da Europa ocidental já vivia em centros urbanos, atraída pelas oportunidades de trabalho.

  • França: reação e revolução
Entre 1820 e 1830, eclodiram várias revoluções na Europa. Conhecidos como Primeira Onda Revolucionária por atingir diversos países, foram movimentos marcados por fortes componentes liberais e, em alguns casos, também nacionalistas. Esses movimentos revolucionários foram resultantes de conspirações militares ou promovidos por organizações secretas. Em sua maioria, acabaram sufocados pelas forças governamentais

Após a derrota final de Napoleão Bonaparte, em 1815, a monarquia francesa dos Bourbons foi restaurada, e Luís XVIII assumiu o trono. Ele governou até 1824, sendo substituído por seu irmão Carlos X, cujo governo caracterizou-se pela retomada do Antigo Regime, com o retorno dos privilégios do clero e da nobreza, deixando a burguesia marginalizada, além de suprimir a liberdade de imprensa e dissolver a Câmara de Deputados.

→ Revolução Liberal de 1830: devido as ações de Carlos X, acabou estimulando o patriotismo dos franceses menos favorecidos, e uniu burgueses e populares contra o monarca através de um levante.

Após três dias de confrontos nas ruas de Paris, o rei foi deposto e fugiu para a Grã-Bretanha. Esse quadro de manifestações burguesas e populares, com ideias liberais que contestavam as decisões impostas no Congresso de Viena, espalhou-se pela Europa. O trono francês foi assumido por Luís Filipe de Orleans, que ficou conhecido como “o rei burguês”. Restabelecia-se, assim, o regime monárquico liberal que assegurava a hegemonia burguesa na condução dos negócios do Estado.

Apesar da derrocada dos Bourbons, a situação entre os trabalhadores urbanos e os camponeses ainda estavam em condições sociais degradantes, o que ocasionou em outras rebeliões. Nos chamados “banquetes” – reuniões populares com distribuição de comida e divulgação de ideais socialistas – as palavras de ordem eram “revolução” e “fim da monarquia”. Quando o governo proibiu esses encontros, em 1848, eclodiu um novo levante. Luís Filipe abandonou o governo.

→ Revolução de 1848: deu origem à Segunda República Francesa (a primeira ocorreu durante a Revolução Francesa). Os revolucionários instituíram o voto universal masculino, a redução da jornada de trabalho e as oficinas nacionais, empresas estatais comandadas por operários, cujos salários eram proporcionais aos lucros. Alguns grupos da sociedade francesa, especialmente a burguesia, não concordaram com as oficinas nacionais. Sucederam-se violentos conflitos armados, encerrados com a vitória dos burgueses e a realização de eleições gerais. O eleito foi Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão.

→ Governo de Napoleão III

O novo rei buscou restabelecer a grandeza da era napoleônica, inclusive repetiu a façanha do tio em 1851 transformando-se em ditador com um golpe de Estado e fez um novo plebiscito, com o aval da população.

O governo de Napoleão III caracterizou-se pela agressiva política externa, com pretensões imperialistas. Em 1870, declarou guerra à Prússia, que desejava formar um Estado alemão unificado. Suas tropas, porém, foram rapidamente derrotadas e o próprio Napoleão III, preso na batalha de Sedan, em 1870.

Com a iminente derrota para a Prússia, na Guerra Franco-Prussiana, o Império Francês foi dissolvido em 1870 e instaurou-se a Terceira República no país. Quem assumiu o poder foi Adolphe Thiers, um representante da burguesia. No acordo de paz assinado por Thiers com o governo prussiano, a França deveria ceder territórios à Prússia e pagar uma vultosa indenização em francos. Os trabalhadores franceses, porém, não se conformaram com os termos do acordo e se sublevaram contra o governo de Thiers. Apoiados pela Guarda Nacional, eles tomaram o poder em Paris em 18 de março de 1871.

→ Comuna de Paris

Foi um órgão criado em substituição do governo republicano pelos revolucionários, composto por noventa pessoas eleitas por meio do voto universal masculino, , a Comuna contava com a participação de representantes de diversas tendências socialistas, entre elas o marxismo. Assim, pela primeira vez na História, ascendia ao poder um governo de origem proletária.


A Comuna promoveu a separação entre o Estado e a Igreja, a administração da cidade foi delegada a funcionários eleitos e as fábricas passaram a ser administradas por operários. Os líderes revolucionários conclamaram os trabalhadores do interior da França a seguir o exemplo de Paris e constituir comunas autônomas em suas regiões. Não obtiveram êxito.

Em maio de 1871, tropas do governo de Thiers invadiram Paris, mataram cerca de 20 mil pessoas (homens, mulheres e crianças), prenderam 38 mil e expulsaram os revolucionários do poder e durou apenas dois meses.
  • Revoluções na Europa no século XIX
Da França, as revoltas populares se espalharam por toda a Europa. Elas eram motivadas pelas mais diversas razões e influenciadas por diferentes ideais – liberais, nacionalistas, socialistas e até monarquistas. Todas contavam com a participação popular dentre alguns países que se rebelaram temos: Itália, Bélgica, Rússia, Alemanha, Espanha e Portugal contestavam decisões tomadas pelo Congresso de Viena e organizaram-se em movimentos de inspiração liberal.

Nesse contexto surge a Primavera dos povos, sua principal característica era o forte conteúdo social, uma vez que contou com trabalhadores pobres lutando contra a ordem existente.


  • Referências
AZEVEDO, Gislane; SERIACOPI, Reinaldo. Capítulo 16 - O século XIX na Europa e nos Estados Unidos IN: História passado e presente 2 . 1ª ed. São Paulo: Ática, 2016. págs. 267 - 270

VAINFAS, Ronaldo [et al.] Capítulo 12 - Nacionalismos em conflito na Europa IN: História.doc 8º ano. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. págs. 208 - 211.

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Capítulo 9 - A Europa no século XIX IN: Teláris História 8º ano. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2018. págs. 144 - 150.

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