Império Bizantino

 

Em 395, o imperador Teodósio dividiu o império Romano em duas partes, criando o Império Romano do Oriente, sediado em Constantinopla (hoje Istambul), sob o governo de um de seus filhos, Arcádio. Essa parte do império também ficou conhecida como Império Bizantino, pois sua capital havia sido erguida no lugar da antiga cidade grega de Bizâncio.

A outra parte formou o Império Romano do Ocidente, com capital em Milão, sob o governo de seu outro filho, Honório. Essa parte do império continuou a ser assediada pelos povos provenientes da Europa central e oriental e, aos poucos, foi se esfacelando sob a ação dos invasores.

  • Constantinopla e o Império Bizantino
Em 330 d.C., o imperador romano Constantino transferiu a capital do Império Romano para a cidade de Bizâncio, localizada no estreito de Bósforo, região entre o mar Egeu e o Mar Negro. Após essa mudança, o nome da cidade foi alterado para Nova Roma.

Essa cidade ficava no caminho de rotas comerciais que iam da Europa à Ásia. Essa localização favoreceu a economia da região. De modo geral, os historiadores apontam que o governo bizantino controlava boa parte das atividades econômicas e era dono de negócios de pesca e de produção de metais, armas e tecidos.

Nas cidades, as oficinas particulares organizavam-se em corporações de ofício, formadas por quem trabalhava no mesmo ramo – como carpintaria, tecelagem ou sapataria. Veja alguns dos principais produtos comercializados no Império Bizantino:
  1. artigos de luxo – perfumes, seda, porcelana e vidro, feitos por artesãos chineses, árabes, persas ou indianos e revendidos aos europeus ricos;
  2. produtos agrícolas – trigo, especiarias, vinho e azeite, produzidos no norte da África, na Grécia e na Síria;
  3. artesanato – joias, tecidos e artigos de ouro e marfim feitos em cidades bizantinas.
Do ponto de vista da organização política, o Império Bizantino assumiu uma forma de governo chamada autocracia absoluta. O imperador, chamado basileu (rei), controlava a legislação, comandava as forças militares e podia nomear ou exonerar quem quisesse. O basileu era também o chefe da Igreja e, como tal, convocava concílios, nomeava bispos e promulgava regras e disposições religiosas. Considerado pessoa sagrada e vice-rei de Deus na Terra, o poder do basileu era tão grande que até a arte estava a serviço de sua autoridade. Assim, ao exaltar o Estado, os artistas glorificavam também o Deus cristão.

Com a morte de Constantino, passou a se chamar Constantinopla (em sua homenagem), atualmente ela se chama Istambul e está localizada na Turquia. O Império Romano do Oriente tinha atividades comerciais mais dinâmicas, estava localizado em uma região que tinha contatos frequentes com os mercadores do Extremo Oriente, e suas províncias eram mais ricas, além disso, geralmente conseguia impedir que povos estrangeiros invadissem seu território, oferecendo dinheiro e assinando tratados de paz.

→ Governo de Justiniano

Desde a queda do último imperador romano do Ocidente, em 476, pela ação dos povos germânicos, os bizantinos acalentavam o desejo de reconstruir o Império Romano. Essa aspiração ganhou força a partir de 527, com a chegada ao trono do imperador Justiniano e de sua mulher, a imperatriz Teodora.

Em 533, depois de fortificar as fronteiras e reequipar o exército, Justiniano se lançou à conquista do norte da África. Vitoriosas na África, suas tropas ocuparam então a península Itálica. Em 550, o exército bizantino invadiu a península Ibérica, conquistando o sul da região, após quatro anos de batalhas (veja o mapa abaixo).


O governo de Justiniano dedicou-se a restaurar o antigo Império Romano e a sistematizar, em um código, os principais preceitos legais do Direito Romano que regulavam a vida na sociedade bizantina. Em 529, com o nome de Código de Justiniano, o conjunto de leis tornou-se público. Posteriormente, outras leis foram reunidas no Digesto (palavra latina que significa “pôr em ordem”), publicado em 533.

Justiniano ainda reformou as escolas de Direito e produziu um manual para estudantes sobre a legislação bizantina. Esse trabalho constituiu por séculos a base do Direito europeu e é, ainda hoje, o fundamento de muitas leis no mundo ocidental, considerado o maior legado do império de Justiniano.

Porém, apesar de ser uma região mais rica houveram desigualdades e inúmeras revoltas. Os camponeses pobres, os escravos, os trabalhadores das cidades, os pequenos comerciantes, os artesãos formavam a maioria da população, que pagava pesados impostos e encontravam grandes dificuldades para sobreviver. Um dos confrontos mais terríveis foi a Revolta de Nika, que veremos a seguir:

→ Revolta de Nika

No hipódromo, dois grandes grupos rivais se reuniam e expressavam suas reivindicações ao imperador. Eram os Verdes, do qual participavam comerciantes e artesãos, e os Azuis, composto sobretudo por aristocratas. Esses grupos tinham muitas discordâncias políticas, esportivas e religiosas.

Em 532 d.C., o hipódromo estava lotado de torcedores Verdes e Azuis. Após uma corrida de cavalos, houve dúvida sobre quem teria vencido a disputa. O imperador Justiniano estava presente e quis escolher o vencedor. Mas os grupos políticos, que estavam divididos entre os dois competidores, começaram a gritar: Nika! Nika! (“Vitória! Vitória!”, em grego) dessa forma o imperador deu a vitória para o seu próprio cavalo, apesar de outro chamado Nika ter vencido.

A confusão do evento tornou-se um violento protesto popular. Do hipódromo, o conflito foi para as ruas e se transformou em uma rebelião com saques, destruições e incêndios. Justiniano pensou em fugir, mas desistiu depois de ouvir os conselhos de Teodora. Ele mandou reprimir os revoltosos, massacrando cerca de 35 mil pessoas.
  • Divisão da Igreja Cristã
Após ocorrer a divisão dos impérios, o cristianismo uniu povos de diferentes origens. O cristianismo era a religião oficial do Império, tendo forte influência nas relações sociais. Por isso, a história bizantina foi marcada por vários movimentos religiosos.

O imperador bizantino era chamado de basileu, que significa “aquele que tem a autoridade suprema”, e era considerado um representante de Deus na terra além disso, exercia as funções de governante político e militar.

A principal autoridade da Igreja no Império Bizantino era o patriarca, que podia convocar reuniões, nomear pessoas para cargos eclesiásticos e criar normas e regras. Havia momentos, no entanto, em que o imperador intervinha na vida religiosa.

→ Duas Igrejas

O cristianismo era a religião oficial do Império, tendo forte influência nas relações sociais. Por isso, a história bizantina foi marcada por vários movimentos religiosos. Um desse movimentos foi a Iconoclastia:

Iconoclastia: o movimento inaugurado pelo imperador Leão XIII ficou conhecido como iconoclastia, que significa destruição de imagens. O objetivo da iconoclastia era combater a idolatria, ou seja, o culto a ídolos, e destruir os poderes e a influência da Igreja.

A iconoclastia ultrapassou os limites do Império Bizantino e, em 731, o papa Gregório III protestou contra essa destruição. As divergências entre os papas e as autoridades bizantinas não pararam aí. Ao longo dos séculos seguintes, ocorreram conflitos que levaram à divisão da Igreja católica em 1054.

Cisma do Oriente: ocorreu em 1054, a divisão da Igreja em Igreja Católica do Oriente (ou Igreja Ortodoxa) tendo como sede a cidade de Constantinopla, e a Igreja Católica do Ocidente (ou Igreja Católica) com sede em Roma. O bispo de Roma ocupava o mais alto posto hierárquico: o de papa.
  • a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa – ou simplesmente Igreja ortodoxa, com sede em Constantinopla e comandada pelo patriarca da cidade, indicado pelo imperador bizantino;
  • a Igreja Católica Apostólica Romana – ou simplesmente Igreja católica, com sede em Roma e comandada pelos papas.
Apesar da força da Igreja ortodoxa, as populações do Império Bizantino mantiveram, muitas vezes, práticas religiosas proibidas pelas autoridades cristãs. Entre elas estava a adoração a deuses pagãos. 
  • Arte Bizantina
A arte bizantina é uma síntese do cristianismo, do helenismo e do orientalismo. Sua imponência pode ser observada tanto na arquitetura como nas pinturas e nos mosaicos que decoram o interior das igrejas.

O mosaico (técnica de criação de uma imagem ou padrão visual por meio da incrustação de pequenas peças coloridas sobre uma superfície de gesso ou argamassa) foi a forma de expressão preferida dos artistas do Império Bizantino.


Paralelamente, monges bizantinos inventavam os ícones, pinturas que representavam figuras sagradas do cristianismo. Veneradas nas igrejas e oratórios familiares, tais pinturas frequentemente eram decoradas com joias e pedras preciosas. Na arquitetura, uma obra de grande destaque é a Basílica de Santa Sofia. Inaugurado no ano de 537, o templo foi construído em cinco anos por 10 mil trabalhadores. Após a tomada de Constantinopla, em 1453, os turcos otomanos a transformaram em mesquita (templo muçulmano).

  • Fim do Império Bizantino
O período de maior esplendor do Império Bizantino foi o do governo de Justiniano, entre 527 e 565. Depois dessa época, o Império sofreu altos e baixos em razão de ataques externos, principalmente de muçulmanos e de cristãos da Europa ocidental:

→ no século VII, os bizantinos perderam seus domínios no norte da África para os muçulmanos. Posteriormente (séculos X e XI), recuperaram parte desses domínios. As fronteiras se fortaleceram e a economia se estabilizou;
→ em 1204, Constantinopla foi invadida e saqueada por cristãos durante a Quarta Cruzada. Somente cerca de sessenta anos depois, os bizantinos retomaram o domínio sobre sua capital;
→ ao longo do século XIV, os bizantinos perderam territórios no sul da Grécia, na Sérvia, na Bulgária e na Síria;
→ em 1376, o Império Otomano avançou sobre o mundo bizantino e estabeleceu sua capital na cidade de Adrianópolis (hoje Erdine), na Turquia, há pouco mais de 200 quilômetros de Constantinopla.

Até que em 1453, quando Constantinopla foi conquistada pelos turcos otomanos, cuja origem é a mesma dos hunos que, liderados por Átila, invadiram o Império Romano do Ocidente. Portanto, os lados ocidental e oriental do antigo Império Romano tiveram seu destino cruzado com povos da mesma procedência.
  • Referências
AZEVEDO, Gislane; SERIACOPI, Reinaldo. Capítulo 8 - Império Romano e Império Bizantino IN: História - passado e presente. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2016.

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Capítulo 11 - Império Bizantino IN: Historiar 6º ano. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

Comentários