O Brasil na década de 1920

 

  • Contexto Histórico

Ao longo da década de 1920, a sociedade brasileira passou por inúmeras transformações a começar com o aumento populacional que somava 14 milhões em 1890 e saltou para 27 milhões em 1930.

Foi a partir das décadas de 120 e 1930 que o Brasil cresceu e se urbanizou, algumas cidades como São Paulo e Rio de Janeiro transformaram-se em metrópoles, e as capitais de outros estados se expandiram rapidamente.

Em 1920, foi criada a Universidade do Rio de Janeiro reunindo as antigas faculdades de Medicina, Engenharia e Direito. Aos poucos, ela foi incorporando novas unidades, como a Faculdade de Filosofia e a Escola de Belas Artes, ampliando assim a oferta de cursos superiores no Brasil. Sete anos depois, foi fundada a Universidade de Minas Gerais; Além disso, outros cursos foram sendo incorporados e a oferta de cursos superiores foram ampliados no Brasil.


  • Crise da República Oligárquica
Na década de 1920, vários setores da sociedade brasileira estavam insatisfeitos com o governo oligárquico. A política de valorização do café, adotada por muitos anos para combater a crise dos preços internacionais do produto, desagradou diversos segmentos da sociedade, incluindo grupos oligárquicos não ligados ao café, que se sentiam prejudicados.

A Crise de 1929 reduziu drasticamente os negócios dos Estados Unidos, principal comprador e financiador dos cafeicultores brasileiros, assim como as negociações com outros países. O preço do café despencou e os empréstimos ao Brasil diminuíram.

Devido ao crescimento da atividade industrial no nosso território, novas classes surgiram e também começaram a manifestar sua insatisfação com o governo:

→ Burguesia Industrial: formado por comerciantes e alguns sócios das indústrias e reivindicavam o aumento de impostos sobre produtos estrangeiros, de modo a proteger a indústria nacional.
→ Classe média urbana: ligado às atividades industriais, bancárias e comerciais, reivindicava a instituição do voto secreto e a moralização do processo eleitoral.
→ Operariado: trabalhadores das indústrias em geral, pressionava o governo para obter melhores condições de vida e de trabalho, além de maior participação política.

Outra forma de organização dos trabalhadores era a fundação de partidos socialistas. O objetivo inicial dos socialistas era o de eleger representantes no Congresso Nacional, para que eles apresentassem projetos de leis sociais voltadas para o bem-estar dos trabalhadores.

Já os anarquistas (ver verbete a seguir) tinham propostas diferentes. Eles queriam derrubar o capitalismo e criar uma sociedade igualitária, sem patrões e empregados. O auge dos anarquistas foi em 1917, ano em que estiveram à frente de uma grande greve na cidade de São Paulo. Nesse episódio a repressão policial sobre eles foi intensa. E assim continuou nos anos seguintes.

→ Anarquismo: palavra de origem grega que significa “sem governantes”. A proposta anarquista era a de criar uma sociedade em que não houvesse a dominação de um indivíduo sobre o outro. Por esse motivo, os anarquistas eram contra a existência de governos, não se organizavam em partidos políticos nem participavam de eleições.


  • Manifestação de trabalhadores durante a greve geral em São Paulo, SP. Fotografia de 1917.
Devido as imigrações principalmente de italianos e espanhóis, houve a difusão de ideias anarquistas. Associações trabalhistas e sindicatos foram fundados e houve a criação de partidos políticos como:


  • Movimentos Tenentistas
A década de 1920 também foi marcada por diversos levantes militares, liderados por jovens oficiais de baixa patente, em especial tenentes e capitães. O Exército passou a criticar o sistema político da Primeira República, além disso acreditavam que:

-Cabia ao exército a tarefa de moralizar a política e derrubar a República Oligárquica.

Os tenentes criticavam o sistema eleitoral brasileiro, o crescimento da dívida externa, o descontrole das finanças públicas e o privilégio dado aos grupos agroexportadores com as políticas protecionistas do governo federal. Eles desejavam reformar as instituições republicanas, principalmente por meio da centralização do poder e da defesa do nacionalismo.

Contando com a popularidade e atraindo a simpatia dos grupos de oposição ao governo, eles defendiam o voto secreto, reformas políticas e sociais e o fim das fraudes eleitorais. A seguir iremos comentar sobre alguns movimentos tenentistas ocorridos neste momento:

  1. Os 18 do Forte:

Esse levante ocorreu em 1922, no Forte de Copacabana (RJ) e tinha como objetivo tirar do poder as elites tradicionais e esboçou a defesa de princípios modernizadores, refletindo o descontentamento com a organização política e econômica da época.


Os tenentes e o civil envolvidos na Revolta dos 18 do Forte caminham pela praia de Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, em direção ao Palácio do Governo, em julho de 1922.

2. Coluna Prestes:

Em 1924 em São Paulo (capital), eclodiu outra revolta tenentista liderada por Miguel Costa. Ao mesmo tempo, o jovem capitão Luiz Carlos Prestes rebelou-se contra um grupo de militares na cidade de Santo Ângelo (Rio Grande do Sul).

A Coluna Prestes foi a reunião entre as tropas do comandante Miguel Costa e o grupo de revoltosos que acompanhou Luiz Carlos Prestes. E tinham como objetivo marchar pelo interior do país, incentivando a população rural a lutar contra o governo federal.


A Coluna caminhou pelo interior do Nordeste e Centro-Oeste brasileiros de 1925 a 1927, percorrendo cerca de 25 mil quilômetros. Perseguidos pelo Exército, a Coluna Prestes nunca sofreu uma derrota. No fim, a maior parte dos membros da coluna, inclusive seu comandante, refugiou-se na Bolívia.

  • Cultura urbana
No ano de 1922, em comemoração ao centenário da Independência do Brasil, foi realizada no Rio de Janeiro a Exposição Internacional, com a participação de diversos países do mundo. O evento buscou apresentar novidades científicas, tecnológicas e culturais. Nessa ocasião, foi feita a primeira transmissão radiofônica do Brasil.

-O modernismo e a Semana de Arte Moderna

Ao final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, a Europa perdeu o prestígio artístico e intelectual que tinha no mundo. Sem negar a importância da cultura europeia, jovens artistas brasileiros queriam conhecer o seu próprio país, seus valores e as crenças da população. O objetivo era elaborar uma arte nacional e descobrir, afinal, o que era “ser brasileiro” . Esse movimento artístico e cultural ficou conhecido como Modernismo.

Os modernistas atuaram em diferentes campos da arte, como literatura, pintura, escultura e música. Eles propuseram uma renovação das formas e dos temas trabalhados, de modo que tanto a cultura brasileira regional quanto a sociedade industrial e urbana fossem valorizadas.


  • Artistas que participaram da Semana de Arte Moderna, em São Paulo (SP), 1922.

Em fevereiro de 1922, na cidade de São Paulo (SP), os modernistas promoveram a Semana de Arte Moderna, um evento com o objetivo de divulgar o novo movimento artístico e de provocar a conservadora elite intelectual brasileira.

  • Referências
DIAS, Adriana Machado [et al.] Capítulo 5 - A Era Vargas IN: Jovem Sapiens História 9º ano. 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2022. págs. 120 - 123

VAINFAS, Ronaldo [et al.] Capítulo 3 - A Primeira República Brasileira IN: História.doc 9º ano. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. págs. 54 - 57

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Capítulo 5 - O Brasil nos anos 1920 IN: Teláris História 9º ano. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2018. págs. 90 - 96

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