O feudalismo foi um sistema que caracterizou várias regiões da Europa Ocidental entre os séculos X a XIII e foram resultados de um longo processo histórico, que mesclava elementos romanos e germânicos. Como veremos a seguir:
- Características gerais
→ o enfraquecimento do poder real (ou central) e o fortalecimento dos poderes dos senhores locais ou regionais;
→ a existência de vínculos pessoais de obediência e proteção entre os mais poderosos e os mais fracos;
→ o declínio das atividades comerciais urbanas e o fortalecimento da vida rural;
→ o uso generalizado de trabalho servil no campo.
→ a existência de vínculos pessoais de obediência e proteção entre os mais poderosos e os mais fracos;
→ o declínio das atividades comerciais urbanas e o fortalecimento da vida rural;
→ o uso generalizado de trabalho servil no campo.
- Sociedade feudal
A nobreza (ou bellatores, palavra latina que significa “guerreiros”) detentores de terra, que se dedicavam basicamente às atividades militares.
O clero (ou oratores, palavra latina que significa “rezadores”) representava a ordem dos membros da Igreja Católica, destacando-se os dirigentes superiores, como bispos, abades e cardeais. Essa classe tinham grande influência política e ideológica (isto é, na formação das mentalidades e das opiniões) sobre toda a sociedade.
Os trabalhadores (ou laboratores, palavra latina com esse significado) compunham uma ordem heterogênea. Esse grupo era composto, basicamente, da população camponesa, que realizava os trabalhos necessários à subsistência da sociedade. A maior parte dos camponeses trabalhava na condição de servo, o que implicava uma série de restrições à liberdade. Os servos recebiam do senhor o chamado manso servil (lotes de terra para o cultivo), do qual retiravam sua subsistência.
Esta última classe eram obrigados a pagar taxas ao senhor e trabalhavam ainda em lugares e tarefas indicados [por ele], sem qualquer tipo de remuneração. Em contrapartida, tinham a posse vitalícia e hereditária de seus mansos, e a proteção militar proporcionada pelo senhor.
Essa organização social, praticamente sem mobilidade entre as ordens, era preservada pela elite do clero e da nobreza em função de seus interesses.
- Economia Feudal
Na sociedade feudal, predominava a produção agrícola e a pecuária, que tinha como principal unidade produtora o senhorio (extensão de terra pertencente a um senhor feudal) e, como forma de trabalho, a servidão.
Cada um tinha uma produção variada de cereais, carnes, leite, manteiga, farinha, vinho, roupas, utensílios domésticos. Alguns produtos — como o sal e os metais utilizados na confecção de armas e instrumentos — vinham de fora.
A economia feudal não era exclusivamente agrária. Também havia comércio e artesanato. Praticava-se comércio nas feiras locais, onde os camponeses costumavam trocar seus excedentes de produção por artigos produzidos no artesanato urbano.
- Renascimento urbano-comercial
Entre os séculos XI e XV, a Europa passou por transformações que abriram caminho para um reordenamento da sociedade europeia. Esse período é chamado pelos historiadores de Baixa Idade Média.
Essas mudanças começaram com o declínio das invasões “bárbaras” e com inovações tecnológicas no campo. Entre essas inovações, estava a utilização de arados de ferro, mais fortes e eficientes do que os de madeira usados até então, e o aperfeiçoamento de moinhos hidráulicos. As terras cultiváveis foram ampliadas por meio do aterramento de pântanos e da derrubada de florestas. Esse contexto propiciou o crescimento da produtividade do trabalho agrícola e, consequentemente, a expansão demográfica.
Essas mudanças favoreceram o desenvolvimento do comércio, a circulação de moedas e o crescimento das cidades. A intensificação do comércio impulsionou também diversos setores artesanais. Muitos deles haviam continuado ativos na Alta Idade Média, servindo à nobreza e ao alto clero: armeiros, que trabalhavam para os nobres guerreiros; ourives, pintores e construtores, que trabalhavam na edificação de catedrais e castelos, etc.
Nesse mesmo contexto, as cidades medievais foram assumindo o papel de entroncamento das rotas comerciais, primeiro com produtos de luxo, originados de pontos diversos do Oriente (que mesmo em pequenas quantidades rendiam elevados lucros), e sal. Depois, com produtos de consumo geral, como cereais e madeira.
Palelamente, desde o século XII organizavam-se no norte da Europa as hansas, ou associações de mercadores. Com o passar do tempo, houveram a reunião de diversas hansas no norte da atual Alemanha, dando origem à Liga Hanseática, cujas as poderosas cidades (como Hamburgo, Brêmen, Lübeck, Rostok) eram habitadas por povos germânicos, que passou a controlar o comércio dos mares do Norte e Báltico.
A busca de alguns produtos para revenda eram feitas pelo Mar Mediterrâneo e partiam das cidades italianas de Gênova e Veneza e atingia centros comerciais do Mediterrâneo oriental. Essas cidades prosperaram muito, principalmente porque seus comerciantes praticamente conquistaram o monopólio sobre os produtos provenientes do Oriente, como sedas e especiarias (pimenta e outros temperos).
Dessa forma, consolidavam-se dois polos comerciais na Europa da Baixa Idade Média: um italiano e outro germânico. A ligação desses dois polos se fazia por rotas terrestres que convergiam para as planícies de Champanhe, região no centro da França. Lá se realizavam grandes feiras, onde os comerciantes do norte encontravam os do sul, constituindo centros de articulação do crescente comércio europeu.
Ao longo das novas rotas comerciais, multiplicavam-se os burgos, isto é, as cidades. Muitas vezes, tratava-se de antigas cidades romanas abandonadas, que foram sendo reocupadas e voltavam a prosperar. Outras vezes, eram aglomerados que surgiam nas encruzilhadas de rotas comerciais terrestres, em regiões de feiras ou às margens de rios. Cercados de muralhas defensivas, os burgos têm sua denominação derivada do germânico burgs para o latim burgu, que significa ‘pequena fortaleza'.
Embora lento, o enriquecimento dos comerciantes e de uma parcela dos mestres levou-os a controlar com exclusividade certas atividades comerciais e artesanais, a exemplo dos mercadores das hansas e dos mestres empregadores, indicando o processo de formação de um novo grupo social em ascensão: a burguesia.
A expansão do trabalho remunerado e da vida urbana, a possibilidade de lucros individuais (apesar das restrições religiosas) e uma economia monetarizada dependente da atividade mercantil – ou seja, do comércio – são elementos que nos permitem identificar, ao longo da Baixa Idade Média, transformações mais amplas das relações e estruturas sociais e econômicas.
- Referências
COTRIM, Gilberto. Capítulo 12 - A Europa Feudal IN: História Global 1. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016. págs. 167 - 170
VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. Capítulo 7 - O surgimento da Europa IN: História geral e do Brasil 1. 2ª ed. São Paulo: Scipione, 2013. págs. 197 - 210.
VINCENTINO, Cláudio [et al.] Capítulo 8 - A formação da Europa IN: Olhares da história: Brasil e mundo vol. 1. 1º ed. São Paulo: Scipione, 2016. págs. 212 - 215.
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