As independências da América espanhola (parte final)

 

Anteriormente comentamos como se deu o processo de independência de parte da América (principalmente no norte e nos governos centro-americanos), hoje o meu intuito é comentar sobre o processo da independência na América do Sul. Vem comigo!

  • As independências na América do Sul
Na América do Sul, os principais líderes da luta colonial contra a metrópole espanhola foram os criollos Simón Bolívar e José de San Martín. Assim como no México, os embates pela independência na América do Sul também envolveram lutas entre grupos opostos da elite criolla. Tanto é que esses dois grandes líderes foram responsáveis pela luta da independência nos seguintes locais e anos:



A partir de 1810, começaram as primeiras insurreições pela independência nas capitanias da Venezuela e do Chile, e no Vice-reino do Rio da Prata, que atualmente corresponde aos atuais territórios do Paraguai, Uruguai, Argentina e parte da Bolívia (veja mapa abaixo).

O criollo San Martín, nascido na atual Argentina em 1778, liderou os movimentos pela independência desse país e colaborou para a libertação do Chile e do Peru. San Martín planejava criar Estados independentes na América, cada qual governado conforme os interesses da população.

Ao norte do continente, Simón Bolívar liderou a independência da Grã-Colômbia. Bolívar era um militar centralista, que acreditava em um poder forte e único composto por Estados independentes, porém solidários entre si, e que formassem uma confederação. 


Embora os processos de independência na América tenham ocorrido de maneiras diferentes em cada região, de modo geral, eles foram liderados pelas elites criollas. Apesar de lutar pela liberdade política e econômica das colônias, os membros dessas elites procuraram manter a mesma estrutura social do período colonial, e não promoveram melhorias importantes nas condições de vida das populações mestiça, indígena e escravizada.
  • Pan-americanismo boliviano
Apesar da desintegração territorial, houve uma tentativa para unificar os territórios da antiga América espanhola. O autor da ideia foi Simón Bolívar, que chamou o novo país de Grã-Colômbia, composta de Colômbia, Venezuela, Peru, Equador e Bolívia. E ainda considerou a inclusão dos países da América Central e do México.

Conhecida atualmente como bolivarismo, a política de solidariedade de Simón Bolívar tinha como objetivos principais a união dos países americanos contra o Absolutismo europeu, além da manutenção da paz continental e a igualdade entre os governos participantes.

Os ideais de solidariedade continental de Simón Bolívar, também chamado pan-americanismo, foram colocados em prática durante um breve período de tempo. A partir de 1819, Bolívar organizou a República da Grã-Colômbia, composta por Venezuela, Equador e Colômbia, além do Panamá, localizado na América Central. Essa confederação durou até o ano de 1830.


Em 1822, divergência políticas acabaram por afastar os dois “libertadores”: San Martín estimulava o surgimento de novos países monárquicos, enquanto Bolívar desejava uma América espanhola independente, unida e republicana. Após um encontro em Guayaquil (1822), San Martín decidiu afastar-se do comando e embarcou para a Europa, onde morreu alguns anos depois. Bolívar consumou a independência do Peru, em 1824, com o apoio do general José Sucre, que, no ano seguinte, proclamou a independência da Bolívia em relação ao Peru. 

  • A América Fragmentada
Em 1826, Bolívar liderou a realização do Congresso do Panamá, que foi a primeira grande manifestação do pan-americanismo. Nele compareceram os representantes da Colômbia, do Peru, do México, Províncias Unidas de Centro-América e a Grã-Bretanha, que mandou observadores. Para Bolívar, a ideia de unidade americana era restrita aos hispano-americanos

Com esse Congresso, Bolívar desejava unificar todas as regiões recém-emancipadas na América espanhola. No entanto, o antigo Império espanhol se fragmentou em vários países, o ideal de uma América hispânica unida não se concretizou. Quando Bolívar morreu, em 1830, a América hispânica achava-se independente do domínio metropolitano, mas fragmentada em diversos Estados republicanos. 

O fracasso desse projeto de união ocorreu em razão de vários fatores. Um deles é que as elites criollas das diversas regiões do antigo Império espanhol na América acreditavam que seria mais fácil orientar a política e a economia de suas regiões de origem sem ter de negociar com caudilhos (ver abaixo) de outros locais, que, geralmente, possuíam interesses divergentes.

→ Caudilhismo: forma de governo onde os chefes políticos militares exerceram governos ditatoriais em suas regiões.

Havia, também, dos pontos de vista geográfico e econômico, grande diferença e isolamento entre as ex-colônias espanholas na América, o que dificultava sua união em um projeto comum de Estado.

Ao mesmo tempo, Estados Unidos e Inglaterra temiam a formação de países unidos e fortes na América Central e do Sul. Com o lema “dividir para reinar”, estimularam as disputas entre os caudilhos e a fragmentação da América hispânica. Em 1828, por exemplo, a Inglaterra apoiou a independência do Uruguai, que havia sido incorporado ao Brasil em 1821 com o nome de Província Cisplatina (localizada onde hoje é o Uruguai).

A monarquia brasileira e seus grupos de sustentação também se opuseram aos ideais bolivaristas, temendo que as ideias antiescravistas chegassem ao Brasil. Afinal, os novos países hispano-americanos aboliram a escravidão e a cobrança de tributos dos indígenas.

As diferenças econômicas entre as diversas regiões e os interesses das elites locais dificultaram a união da América hispânica. Para regiões exportadoras (como a Venezuela, apoiada, principalmente, na monocultura de exportação) interessava um modelo econômico mais aberto; para outras, produtoras de manufaturados (como o Equador com suas fábricas de tecido), interessava um regime mais fechado às importações.

  • Referências

BOULOS JÚNIOR, Alfredo. Capítulo 7 - Independências: Haiti e América Espanhola IN: História, sociedade & cidadania 8º ano. 4ª ed. São Paulo: FTD, 2018. págs. 109 - 114.

DIAS, Adriana Machado [et al.] Capítulo 6 - As independências na América espanhola IN: Vontade de Saber História 8º ano. 1ª ed. São Paulo: Quinteto Editorial, 2018. págs. 128 - 131.

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Capítulo 6 - As independências na América espanhola IN: Teláris História 8º ano. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2018. págs. 101 - 105.




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