Atenas

 

A cidade-estado grega de Atenas se destacou por sua democracia direta, onde os cidadãos tinham o direito de participar diretamente nas decisões políticas da cidade, além de ser um importante centro cultural e filosófico na Grécia Antiga.

Fundada pelos jônios na planície da Ática, próximo ao Mar Egeu, Atenas era uma das principais pólis do mundo grego. Inicialmente governada por uma elite de grandes proprietários de terra, a pólis ateniense desenvolveu uma forma de governo que permitia a participação de todos aqueles que eram considerados cidadãos nas decisões que diziam respeito aos interesses da cidade.

  • Sociedade Ateniense
A sociedade ateniense ficou conhecida pelo desenvolvimento da democracia e das artes, apesar disso, a pólis de Atenas teve outras formas de governo como:


Antes de se tornar um movimentado centro comercial, Atenas era uma cidade governada por grandes proprietários rurais, chamados eupátridas. Eles se consideravam descendentes dos guerreiros jônios e esse termo foi aplicado pois em grego quer dizer “bem-nascidos”. Somente eles podiam ocupar cargos públicos. Insatisfeitos com essa situação, os artesãos, comerciantes e soldados passaram a exigir participação na vida política da cidade; já os pequenos proprietários queriam o fim da escravidão por dívidas.

Os cidadãos eram minoria na população ateniense. Eles desfrutavam de direitos civis, políticos, militares e religiosos. Inicialmente, apenas os grandes proprietários de terra, conhecidos como eupátridas, eram considerados cidadãos. Posteriormente, outros grupos conquistaram o direito à cidadania, como os agricultores que detinham algumas posses (chamados de georgoi) e os comerciantes e artesãos (demiourgoi), por exemplo.

A divisão da sociedade ateniense estava dividido da seguinte forma:


  • Leis e Política
Enquanto os eupátridas estavam governando ocorreram inúmeras revoltas populares; dessa forma a aristocracia adotou novas estratégias e surgiu os Legisladores (encarregados de governar a pólis e fazer leis que diminuíssem as tensões sociais), dentre os principais a ocuparem esse cargos damos destaque a Drácon e Sólon.

O primeiro legislador ateniense foi Drácon. Em 621 a.C., ele colocou as leis de Atenas por escrito. Até então elas eram transmitidas apenas oralmente. Mas isso não foi suficiente para diminuir os conflitos sociais em Atenas. Coube a outro legislador, Sólon, tentar solucioná-los.

Para contornar a situação, em 594 a.C., o legislador Sólon efetuou uma reforma que:
  • a) suprimiu a escravidão por dívidas entre os cidadãos atenienses;
  • b) dividiu os cidadãos em quatro categorias, de acordo com o grau de riqueza agrícola, e estabeleceu que só os mais ricos podiam ocupar cargos importantes no governo. Dessa forma, os privilégios que antes cabiam aos “bem-nascidos” passaram a ser reservados aos mais ricos. O critério de riqueza substituiu o de nascimento.
No entanto, apesar da reforma de Sólon, a terra continuou nas mãos de poucos e a participação política manteve-se reduzida. Com isso, os conflitos sociais continuaram violentos.

→ Crítica ao domínio político da aristocracia e a Revolução Hoplítica

As primeiras críticas ao domínio político aristocrático ateniense aconteceram por volta de 700 a.C., entre os hoplitas que eram soldados da infantaria, responsáveis pela defesa da pólis. Assim como na política, os aristocratas eram os comandantes hoplitas, os quais possuíam os melhores armamentos e recebiam as melhores recompensas pelo desempenho nas batalhas.

Naquela época, a economia ateniense passou por transformações, pois estavam ocorrendo uma intensa atividade comercial. Bens como gado, tecidos e objetos em geral passaram a ser muito valorizados, criando a possibilidade de enriquecer os comerciantes e a terra que era a principal riqueza dos aristocratas, começou a ser desvalorizado.

A Revolução Hoplítica foi um período de intensas transformações na estrutura militar da pólis ateniense por volta de 700 a.C. Ocorreu quando os membros da infantaria hoplita, que deram o nome à “Revolução Hoplítica”, passaram a ter mais eficiência do que a minoria aristocrata que monopolizava o Exército ateniense.

Antes da Revolução Hoplítica, a estrutura militar era monopolizada pela aristocracia. Os armamentos eram adquiridos de acordo com o poder aquisitivo de cada membro do Exército e o butim, espólio de guerra, era dividido de acordo com a eficiência de cada um nos campos de batalha.

No entanto, durante este período, membros dos demais grupos sociais que compunham o Exército enriqueceram a partir do comércio, o que lhes permitiu adquirir melhores armamentos, como a panóplia, a indumentária hoplita que tinha sido barateada.

O uso da panóplia (ou seja, o conjunto completo da armadura dos soldados que incluem escudo, capacete, couraça, caneleiras e uma lança) fez surgir a infantaria hoplita, que começou a destacar-se nos campos de batalha. Isso garantiu, graças à crescente eficiência, a maior parte do butim e reverteu a situação inicial de monopólio aristocrático.


Reprodução: google

  • Tirania e Democracia
As tensões sociais não diminuíram com as reformas legislativas, o que levou alguns indivíduos a tomar o controle do governo pela força, surgindo dessa forma a tirania.

O primeiro tirano de Atenas foi Pisístrato, um aristocrata que teve apoio das camadas populares. Durante seu governo, entre 541 a.C. e 527 a.C., ele incentivou o desenvolvimento marítimo-comercial, promoveu a construção de obras públicas e confiscou terras dos nobres para distribuir aos camponeses.
Os conflitos entre os diferentes interesses da sociedade aumentaram. Hípias e Hiparco, sucessores de Pisístrato, não conseguiram continuar com essa forma de governo. Hiparco foi assassinado e Hípias foi expulso da cidade.

A situação era bastante difícil quando Clístenes, político de origem nobre, assumiu o governo de Atenas, em 510 a.C. Disposto a fazer reformas políticas profundas, instaurou a democracia, ampliando a possibilidade de participação nas decisões políticas a todo cidadão ateniense, independentemente de sua renda. Porém, só eram considerados cidadãos os indivíduos adultos, do sexo masculino, livres e nascidos em Atenas. Mulheres, escravos e metecos continuaram sem direitos políticos. Numa população de aproximadamente 300 mil habitantes, apenas 40 mil participavam efetivamente das decisões políticas.

→ Órgãos políticos democrático

Mas como funcionava a democracia? Em Atenas, a democracia era mantida com três órgãos políticos principais, a Bulé, a Eclésia e a Heliae. Veja a seguir:


Como os cidadãos participavam diretamente das decisões nas assembleias, essa forma de governo ficou conhecida como democracia direta. Ela é diferente da democracia que conhecemos hoje, chamada representativa, na qual políticos eleitos pelo povo representam a população na tomada de decisões.
  • As mulheres de Atenas
A sociedade ateniense era patriarcal. Assim, os cidadãos eram todos do sexo masculino. As mulheres não podiam possuir propriedades, administrar negócios ou ter direitos políticos. Elas eram sempre representadas pelo marido ou por algum parente masculino próximo.


Seu principal papel naquela sociedade era ser mãe e gerar herdeiros. As mulheres casadas deviam, de modo geral, ficar reclusas em suas casas, dedicando-se à vida doméstica. Ainda assim, cabia a elas a organização de algumas das festas que aconteciam na cidade, como as Panateneias, em homenagem à deusa Atena. As mulheres das camadas mais baixas da sociedade, no entanto, costumavam trabalhar, dedicando-se ao pequeno comércio, administrando tabernas, vendendo mercadorias na ágora, entre outras atividades.

  • Referências
BOULOS JÚNIOR, Alfredo. Capítulo 8 - O mundo grego e a democracia IN: História, sociedade & cidadania 6º ano. 4ª ed. São Paulo: FTD, 2018. págs. 134 - 136.

BRAICK, Patrícia Ramos [et al.]. Capítulo 7 - Transformações no mundo grego antigo IN: Estudar história - das origens do homem à era digital. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2018. págs. 138 - 142.

SERIACOPI, Gislane Campos Azevedo[et al.]. Capítulo 7 - O berço da democracia IN: Inspire história 6º ano. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2018. págs. 136 - 139.

Trilhas Sistema de ensino 6º ano. Módulo 3; Capítulo 8 - Grécia antiga. 1º ed. São Paulo: FTD, 2018. págs. 286 - 291.

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Capítulo 8 - O mundo grego antigo IN: Teláris História 6º ano. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2018. págs. 129 - 133.

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